terça-feira, 26 de julho de 2011

AS ÁGUAS DA AURORA





























AS ÁGUAS DA AURORA

A casa clara brilhava tanto
que nem se enxergava onde estávamos.
Os lençóis nos varais, alvos,
coavam a luz do sol.

As jarras de leite derramado
na cozinha, no curral, no pasto largo.
A terra era nossa, deitávamos sob as árvores
ouvindo os pássaros de Deus.

O orvalho caía sobre nós
como sobre a couve e a alface.
As garças pintavam de azul o céu da tarde,
depois pastavam a terra sob as vacas.

O vento madrugava se espreguiçando
de um coqueiro a outro.
O córrego cantava claro
jogando pedrinhas nos inhames.
Eu saía a galope para além do horizonte,
nunca mais voltava.

Deitávamos na terra,
nos lambuzávamos de terra
até nos olhos, na boca, nos fundilhos.
O melro cantava no telhado verde
anunciando a claridade das águas da aurora.



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... e apresento A mendiga no blog do Gregório Vaz



6 comentários:

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido Poeta

saudades de o ler, adorei como sempre um belo momento.

Deixo um beijinho
Sonhadora

Graça Carpes disse...

Bela e iluminada visão...
Inundei-me!

www.pedradosertao.blogspot.com disse...

A imagem ficou perfeita com a sensibilidade do poema!

Bazófias e Discrepâncias de um certo diverso disse...

Oi Brandão! Gostaria de me refugiar por um tempo nesse cenário que vc nos trouxe, a partir desse belo poema! Muito belo! Gostei do poesia sobre a mendiga! obrigado pelo elogio! um abraço.

dade amorim disse...

Imagens e poemas aqui nos situam no mais livre dos lugares da terra. Tudo é bonito, natural, e voltamos às vezes à infância mais feliz.

Beijo pra você.

Unknown disse...

Maravilhoso!

"depois pastavam a terra sob as vacas."

Algo assim além do poema.

Beijos, poeta!

Mirze