domingo, 17 de julho de 2011

O AFOGADO

      




















O afogado

O mar trouxe o corpo à praia.
Era um estrangeiro, jovem e belo.
A boca aberta deixava ouvir, como se viessem
do outro mundo,
as vagas do mar e os gritos brancos das gaivotas.
Eu lhe fechei os olhos, azuis como o céu
através das órbitas de uma caveira.
A sua nudez lhe tornava a pele mais pálida.
Sorria perplexo, como se reconhecesse num espelho
a nossa estranheza.
Olhando-o, nós sabíamos:
também temos, em vida, o céu nas órbitas
e a morte nas pálpebras.



5 comentários:

Unknown disse...

LINDO, Brandão!

Daqueles que amo de paixão porque une a vida com a morte.

Beijos, poeta!

Mirze

Adriana Godoy disse...

Olha, fiquei assim pensando na cena...é um sentimento de dor, de morte e vida, de encantamento e terror.

Gostei muito, JC.

Beijo

Fred Caju disse...

Os versos finais são arrebatadores, Brandão! Abraços, camarada.

Tania regina Contreiras disse...

Lindo, profundo, com um eco de silêncios...
abraços,

Claudia Almeida disse...

De tamanha beleza,Brandão.Parabéns.

bjs