O afogado
O mar trouxe o corpo à praia.
Era um estrangeiro, jovem e belo.
A boca aberta deixava ouvir, como se viessem
do outro mundo,
as vagas do mar e os gritos brancos das gaivotas.
Eu lhe fechei os olhos, azuis como o céu
através das órbitas de uma caveira.
A sua nudez lhe tornava a pele mais pálida.
Sorria perplexo, como se reconhecesse num espelho
a nossa estranheza.
Olhando-o, nós sabíamos:
também temos, em vida, o céu nas órbitas
e a morte nas pálpebras.
5 comentários:
LINDO, Brandão!
Daqueles que amo de paixão porque une a vida com a morte.
Beijos, poeta!
Mirze
Olha, fiquei assim pensando na cena...é um sentimento de dor, de morte e vida, de encantamento e terror.
Gostei muito, JC.
Beijo
Os versos finais são arrebatadores, Brandão! Abraços, camarada.
Lindo, profundo, com um eco de silêncios...
abraços,
De tamanha beleza,Brandão.Parabéns.
bjs
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