quarta-feira, 6 de julho de 2011

APOCALIPSE


























APOCALIPSE

Comi o livro que o anjo me estendeu.
Comi o livro em êxtase, lírico e doce,
Mas amargo nas entranhas, fel e fogo.
Era o livro de Deus, dando-me o mundo.
Era o livro do mundo, dando-me Deus.

Os homens e as cidades queimaram-se.
Vomitei o enjoo e o pânico da morte.
A morte me envolveu em seus braços
Como a minha mãe e o último algoz.

O livro contém todas as palavras,
As palavras são o princípio e o fim
Da vida, em sua conjugação eterna.



2 comentários:

Bazófias e Discrepâncias de um certo diverso disse...

Muito bonito, Brandão! Comer, enjoar, vomitar... espero que eu e vc tenhamos ainda tenha muita lenha pra queimar, antes de chegar a esse apocalipse... se bem que todo o dia tem um apocalipse interno pra resolver! rs. abraço

Fernando Campanella disse...

Que beleza estes versos, Brandão:

Era o livro de Deus, dando-me o mundo.
Era o livro do mundo, dando-me Deus.

No Apocalipse temos as vertentes mundans e espirituais em rota de colisão. Abraços.