sexta-feira, 1 de julho de 2011

Pôr-do-sol
















       

             PÔR-DO-SOL

O sangue e o leite alimentam a noite.
Bois e vacas mugem no alto do monte.
Eu contemplo a primeira estrela.
Tenho uma vela
na mão
e a face iluminada.
O meu coração bate devagar.
Uma mulher abre a janela
e grita o nome do marido.
Por mais claro que tenha sido o grito
só se ouve o eco: “ido, ido, ido”.
Depois, o silêncio.
Poderia se ouvir a queda de um lágrima.
Por que estou tão aflito?
O que me angustia?
As luzes da terra bebem as luzes do céu.
O mundo está em paz,
as coisas bocejam com sono.
O dia se põe como um cão.





4 comentários:

Lídia Borges disse...

Dos sons e dos tons de um quotidiano que só o poeta é capaz de dizer desta forma.

"Depois, o silêncio.
Poderia se ouvir a queda de uma lágrima."

E o seu eco surdo na acalmia da alma.

Um beijo

Unknown disse...

Professor!

Uma aula espetacular de como dar sentido, luz e som às palavras.

Magnífico. E o mundo atualmente se põe como um cão mesmo.

Vibrei com Victorio Micheletti!

Beijos, poeta!

Mirze

Felipe. disse...

Gosto muito da sua poesia. Encontra-se consigo mesmo ao admirar os detalhes que o mundo lhe apresenta. Isso é muito bonito.

Bazófias e Discrepâncias de um certo diverso disse...

Adorei, como sempre!

Pôr-do-sol é muito marcante pra mim, sobretudo no calor... é quando demora mais pra acontecer, e a rua fica quieta. aí dá pra entender melhor o sussuro das coisas.

abraços, brandão!