PÔR-DO-SOL
O sangue e o leite alimentam a noite.
Bois e vacas mugem no alto do monte.
Eu contemplo a primeira estrela.
Tenho uma vela
na mão
e a face iluminada.
O meu coração bate devagar.
Uma mulher abre a janela
e grita o nome do marido.
Por mais claro que tenha sido o grito
só se ouve o eco: “ido, ido, ido”.
Depois, o silêncio.
Poderia se ouvir a queda de um lágrima.
Por que estou tão aflito?
O que me angustia?
As luzes da terra bebem as luzes do céu.
O mundo está em paz,
as coisas bocejam com sono.
O dia se põe como um cão.
4 comentários:
Dos sons e dos tons de um quotidiano que só o poeta é capaz de dizer desta forma.
"Depois, o silêncio.
Poderia se ouvir a queda de uma lágrima."
E o seu eco surdo na acalmia da alma.
Um beijo
Professor!
Uma aula espetacular de como dar sentido, luz e som às palavras.
Magnífico. E o mundo atualmente se põe como um cão mesmo.
Vibrei com Victorio Micheletti!
Beijos, poeta!
Mirze
Gosto muito da sua poesia. Encontra-se consigo mesmo ao admirar os detalhes que o mundo lhe apresenta. Isso é muito bonito.
Adorei, como sempre!
Pôr-do-sol é muito marcante pra mim, sobretudo no calor... é quando demora mais pra acontecer, e a rua fica quieta. aí dá pra entender melhor o sussuro das coisas.
abraços, brandão!
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