sábado, 19 de fevereiro de 2011

Tempo duro, tempo escuro



                                          
1. Tempo escuro

Para que a poesia
neste tempo da banalidade?
Para que a poesia
neste tempo da forma rara
em lugar do homem?

Cegos e surdos,
entanto cantamos.
Somente a tocha da poesia
ilumina este tempo escuro.


2. O cadáver da poesia

Vesti o cadáver da poesia
com as mais belas roupas que encontrei.
Vesti o cadáver da poesia
com as roupas de um operário.
Deixei nu o cadáver da poesia:
não deixou de ser o cadáver
deste tempo negro.

(Gregório Vaz)
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Gregório Vaz teve um surto criativo este ano. Parei de escrever como eu mesmo, até  o dia do meu aniversário, quando fiz quatro poemas luminosos. Não era dia para o pessimismo de Gregório Vaz. Depois tentei equilibrar a forma - G. Vaz é desleixado - mas tanto a forma como o fundo saíram escuros. Talvez seja mesmo este tempo escuro em que vivemos. Talvez eu não esteja nos meus melhores dias.

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10 comentários:

Victor Gil disse...

Olá J. C.

"Para que a poesia
neste tempo da banalidade?"

Pois. Boa pergunta. Se calhar a resposta é que, sem poesia a banalidade ainda era mais banal. Ou estarei enganado?
Um grande abraço meu grande amiga.
Victor Gil

Adriana Godoy disse...

Com qualquer nome, sua poesia é forte, mesmo com a alma mais nublada, seus versos brilham forte. Beijo

Unknown disse...

A poesia do Gregório brilha como a sua, mesmo em tempos escuros!

Beijos, poeta!

Mirze

cantonholi disse...

em tempos de excesso tecnológico, mudanças e crises só a palavra bem lapidada será o antídoto e tocará até os corações dos menos atentos...abs - Carlos

tonholiveira disse...



"Pões...ia neste tempo que ficou!

Quando poderemos dizer:
"Bons tempos virão?"

Esse tempo é EX curo...
esse tempo tem cura?

Muito mau tem, pô!"

De vagar divaguei!

:(: → Bebi "Polar"

Fernando Campanella disse...

Com o suposto cadáver da poesia, você , Brandão, construiu dois belíssimos poemas. Gregório Vaz tem a força da ressurreição do belo. Um abraço.

tonholiveira disse...



"...espero
que o Gregório Vaz,
caminhe em paz!"

Até!

Luiza Maciel Nogueira disse...

respeitar o silêncio as vezes é preciso, as palavras virão quando tiverem que vir - bom penso assim

beijos!

A. disse...

nem sempre o tempo merece a Poesia!... Nem os homens encontram a Poesia em si; ainda assim, é na Poesia que se encontra traduzida toda a
a sensibilidade da Humanidade!...




boa semana



Abraço

Claudia Almeida disse...

Poetas não enterram flores e cravos, nem mesmo o verbo...

bjs