NENHURES
Como um tigre, a manhã se aproxima.
Arma o bote diante do abismo.
Que universo é este?
Que Deus me guia?
Mastigo estrelas quentes como brasas,
me queimam a língua, como uma palavra.
Saco a morte do bolso,
atiro contra o enigma.
Carrego a minha cruz às costas, com galhardia.
Beijo a cruz como aos lábios de uma mulher.
O demônio me bafeja o calcanhar,
me cega os olhos cansados do caos cotidiano.
A árvore da eternidade tem as raízes para o ar.
Pássaros voam com ramos verdes no bico,
e caem pesados, estupefatos.
As águas vão e voltam, inúteis.
Além do véu
e dentro do espelho,
conheço quem sou: ninguém.
Espectro de outrem me habita.
7 comentários:
Brandão, muito bom. Tudo aqui me agrada. Vou dar uma olhada no que Gregório Vaz escreve também.
Abraços,
Caju.
↓
"nem um RES ← "
:)
→ Conheço um blog chamado:
http://nenhuressense.blogspot.com/
Visite-o antes que "ELE apareça"...
josé,
tens estado em guerra lírica com o tempo.
você está ganhando "disparado"!
belíssimo verso!
um beijo.
EXCELENTE!
"Sacar a morte do bolso e atirar contra o enigma."
Que coisa linda e todas as outras metáforas.
Mas você não é ninguém. É alguém muito importante a amado por Deus e pela árvore da vida!
Beijos, poeta!
Mirze
Não existem amanhãs
sem boas memórias
JC, gostei de ler Nenhures...dá uma sensação esquisita. Um não sei o quê de mistério, de demônios, de deus. Beijo
Gosto muito desta palavras, nenhures, deve haver um espectro de um poeta antigo que habita em mim, a língua nossa, vinda de alhures, com toda carga emocional mantida, remontando à criação do homem, e mais longe, talvez, antes...algures no universo.
Um abraço.
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