A ILUMINAÇÃO NO ESPELHO DA TARDE
O rio carrega peixes mortos, homens mortos
e destroços, cavalos, vacas e cães mortos.
É a estação das brumas, das sombras,
da desgraça ancestral.
Choramos a nostalgia da rosa na pedra cinza.
Folhas de ouro caem da árvore do tempo, com fragor.
As faces esmaecidas de um paciente agonizante
deitado na mesa coberta de alvos lençóis.
A viagem não tem fim,
o porto à distância, cada vez mais longe.
A praia se retira, como o tempo, intocável.
Carrego a minha morte no bolso, no pulso, nos pés.
Ouço sempre o guizo da morte
pendurado no pescoço, junto à canga velha.
O rio chega ao mar, eu chego ao mar,
as águas do mar vão e vêm, eternas.
Viajo para um renovado horizonte,
de pássaros brancos, entre as brancas nuvens.
8 comentários:
a criança acorda
com seu silêncio
perturbador
e nos ilumina
(mesmo que não queiramos)
forte abraço,
grande poeta
e meu amigo.
é tão bom percorrer tuas palavras, viajar nas imagens sugeridas pelos teus versos.
Beijos
Meu querido Poeta
Como sempre envolvi-me nas ondas das suas letras e entrei no mar do seu sentir.
Como sempre belo.
Beijinhos com carinho
Sonhadora
Esse é um poema seu dos mais bonitos que já li, JC, se não o mais bonito de todos.
Beijo.
José Carlos!
Me deixei envolver nesse mar, nessa iluminação do espelho da tarde.
Um dos seus mais belos poemas> O rio chega ao mar, eu chego ao mar; não sem antes ouvir o guizo da morte.
E é isso que nos prende à vida!
Belíssimo!
Beijos, poeta!
Mirze
O rio sempre, o devir, o ir-se, o mar. Ao fundo, um logos nesse horizonte. Algo em que não consigo acreditar.
Imagens belas, do físico ao metafísico.
Abraço.
A poesia é assim nos leva junto.
Muito bonita.
Um beijo
Denise
Brandão, querido,
O rio chega ao mar,
Eu chego ao mar.
Cada um a cumprir seus destinos.
Esse é de iluminar todas as horas.
Bjsssssssss
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