sábado, 2 de outubro de 2010

O carneiro




O carneiro

Nos olhos do carneiro, a eternidade.
Como uma nuvem na retina azul,
os olhos fundos escondendo o medo.
O mercúrio da morte na lã branca.

Sob a copa de espinhos da paineira,
o carneiro reflete o azul do céu
nos olhos e caminha para a morte.
Empalidecem os lírios com o sol,

delira o lago, as águas se iluminam.
Quem me trará de volta a infância azul
do carneiro? O balido na manhã

da dor ainda repercute em mim.
Vem um silêncio róseo, um baque súbito,
e o eterno suave morre com o carneiro.

_________

9 comentários:

Adriana Godoy disse...

JC, embora seja urbana irreversível, quando vejo esses animais sempre reparo em seus olhos tristes como sabendo o seu destino. Lindo poema e triste. beijo

Eliana Mora [El] disse...

[em algum momento o carneiro pode ser nós...muito tocante, José Carlos

beijo, El

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido Poeta
Um poema profundo...que diz mais nas entrelinhas.

Beijinhos
Sonhadora

Domingos Barroso disse...

A brisa ainda leva
(e não haverá fim)
a delicadeza
sobre tudo
e todas as coisas
...

José Carlos Brandão,
imenso poeta e meu amigo

forte abraço.

Ira Buscacio disse...

José,

O eterno suave morre com o carneiro!

è assim msm que sinto esse animal, suave.

Adoro seu poemas cuidados

Bj e bom fds

Unknown disse...

José Carlos!

Saiba que morri junto com o carneiro. Pelo menos parte de mim, nunca mais será a mesma.

Como podem abater um animalzinho com esses olhos?

Beijos e parabéns!

Mirze

Solange Maia disse...

e eu só pensando no carneiro que nos habita...

que lindo o que faz com as palavras !
que lindo...

beijo imenso

Eleonora Marino Duarte disse...

"desenha-me um carneiro?"

ver a pureza do carneiro só é possível para quem sonha.


um beijo, poeta.

Marcelo Novaes disse...

Brandão,



O Eterno Suave suaviza a dor, porque não chega a morrer, pelo aroma deixado nos versos.






Abraços.