quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A pedra e o canto



A pedra e o canto


Eu me sentei numa pedra à sombra do cipreste.

Pensei: Esta pedra existiu sempre aqui?

O cipreste um dia nasceu. Não como uma estrela,

de súbito, um brilho no escuro. O cipreste veio


de outro cipreste, que veio de outro, de outro,

numa história que vai até à semente inaugural.

Mas a pedra! A pedra é a memória: existe antes

de que se pense em pedra ou terra. E continua.


Como o pássaro que canta sobre a minha cabeça:

o canto permanece no espaço. Como a pedra,

perene. Vôo no eterno. As asas imóveis,


e a garganta, única. A pedra sabe e conta.

É um pássaro pousado na terra, que é canto

antes de ser pássaro, e pássaro, antes de pedra.


_____________

11 comentários:

Gustavo disse...

Somos como cipestres querendo ser pedras. Transcender em versos que, talvez falarão de nós aos vindouros. Gostei demais, José Carlos.

Abraços, Poeta!

Anônimo disse...

Deste vida à pedra diante de nossos sentidos.

Abraço!

Carla Farinazzi disse...

Brandão,

É mágico como você entrelaça elementos da natureza, compondo um cenário único e belo.

Adoro...

Beijo

Carla

Fátima Guerra (Mellíss) disse...

Brandão

Você trouxe estrelas bordadas na alma...
Vim swixar uma prece pela sua alegria.
Carinho e admiração,
Fátima Guerra

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido Poeta
Como sempre palavras que nas entrelinhas dizem mais que nas linhas.

Deixo um poema

Quero dormir sob os ciprestes
Um sono longo e profundo
As sombras são minhas vestes
O céu...um manto de veludo

Um beijinho
Sonhadora

Unknown disse...

José Carlos!

Divina poesia que tem como estrela, a pedra. Esse mineral que sempre encanta, como o canto dos pássaros.

No silêncio da pedra, o nosso canto, e o dos pássaros.

Belíssimo!

Beijos

Mirze

BAR DO BARDO disse...

Inauguras a semente semovente, pedra bizunguinha.

Marcantonio disse...

Ah, como a genealogia da pedra se encontra com a da poesia! E aqui ela pousa leve e nobre, e com plumagem.

Abraço.

Hana disse...

Que encaixe de paalvras, e encontamos um poema tão belo, adorooooo!!
Vou eu me vestir de bruxinha e celebrar o halloween com as minhas crianças da escola, rss, acompanha-las a bater de casa em casa em casa perguntando, – doce ou travessura, que mico adorável, como a vida é bela, pra vc, eu como bruxinha deixo uma travessura, te desafio a viver lindamente feliz, com esta paz no coração, e que a harmonia esteja sempre contigo, junto com amor infinito em seu coração!!!!!
com carinho
Hana

Denise Portes disse...

Essa poesia que parece música para os nossos ouvidos.
Beijo querido.
Denise

Denise Portes disse...
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