domingo, 5 de setembro de 2010

O cavalo




O cavalo

O cavalo sentou-se à minha mesa,
comemos e bebemos, conversamos
como velhos amigos que retornam
ao altar de antes, com os olhos rasos

de lágrimas e algum represado ódio.
O cavalo soltava fogo pelas
ventas, enquanto ria seu riso ácido.
Contou-me a história da partida antiga

com sangue e pus nos cascos quebradiços.
Fomos irmãos, pastamos nas pastagens
do mesmo senhor, nosso pai, ausente

e presente na dor e na alegria.
A angústia não tem fim, e retornamos
ao capim do universo que deixáramos.

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Poema detentor do 1º Prêmio “Cassiano Nunes” de Poesia, da Universidade de Brasília, junto a O cachorro e A gata (2º lugar, 2010).

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15 comentários:

Murilo Hildebrand de Abreu disse...

maravilhoso

Lídia Borges disse...

O que dizer desta composição poética?

Perfeita, apenas!

Um beijo

Gerana Damulakis disse...

Excelente! O final é de arrepiar:
"A angústia não tem fim, e retornamos
ao capim do universo que deixáramos".

nydia bonetti disse...

Moram dois cavalos na minha parede, esculpidos pelo meu avô, Brandão. Eles também me contam histórias... Beijo.

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu querido Poeta
Adorei...simplesmente.

beijinhos
Sonhadora

Marcantonio disse...

Premiação mais do que justificada, tão belo e surpreendente é esse poema!

Com grande admiração,

Um abraço.

Unknown disse...

Maravilhoso poema!

Prêmio mais que merecido! Amo cavalos. O criador colocou neste animal a força e a beleza, além dos olhos marejantes.

Belíssimo!

Beijos, poeta!

Mirze

Edson Bueno de Camargo disse...

Um poema por nossos velhos cascos.

Adriana Godoy disse...

Seja com gatos, cavalos, insetos, árvores, paisagens...você brilha sempre, JC, como a mais pura luz que nasce no campo. Beijo

BAR DO BARDO disse...

Somos capazes de relinchar?...

Parabéns!

Juan Moravagine Carneiro disse...

perfeito

muito bom

abraço

Anônimo disse...

Parabéns, poeta!
Obrigado por SEGUIR meu Blog Achado!
Volte sempre!

Abçs

Ribeiro Pedreira disse...

companheiros de amor e ódio, homem e cavalo não se abandonam.

Marcelo Novaes disse...

Brandão,



Que belo colóquio este...!


:)







Abraços.

Fernando Campanella disse...

Uma maravilha este poema, Brandão, poesia da mais alta qualidade. Um abraço.