quarta-feira, 21 de abril de 2010

O silêncio



O silêncio

Fomos à ilhota no meio do lago
Para ouvir o silêncio.
Um pássaro de prata imóvel na luz
Abria o bico, não cantava.

O sol estourava a água.
Uma orquídea partia-se com o calor.
Um carreiro de formigas carregava
Uma roseira nas costas.

As pedras do caminho soltavam chispas.
Ouvia-se uma pétala no ar.
Ouvia-se a raiz da árvore sob a terra.

Um lagarto saboreava a claridade.
A libélula ouvia a borboleta.
Nós ouvimos o sol e a sombra.

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5 comentários:

Wilson Torres Nanini disse...

Que cena de Éden! Surreal na medida, poesia que pulula. Adoro poemas assim tão imagéticos.

Forte abraço!

Joaonicodemos disse...

Caro Brandão,

sou lavrador
de silêncios
coleciono nuvens...

e poemas assim




grato pelos seus

Marcelo Novaes disse...

Brandão,



Quanto se enfeixa no silêncio...







Abração.

chica disse...

Que espetáculo isso,Deu pre ouvir e entrar na cena direitinho!LINDO!abraços,chica

BAR DO BARDO disse...

Uma experiência mística...