quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Delírios








Delírio

O lago reflete
o incêndio de um lírio.


Tchibum

Um beija-flor mergulha
de repente – tchibum! –
por meus olhos a dentro.


Iluminação

Era uma pedra dourada.
Quando se abriu, voaram diamantes.
Pombas brancas na tarde azul.


Avalanche

A lua entre as pedras
faz cair da montanha
uma avalanche.


Os sinos

Os sinos de bronze
nas ladeiras de Ouro Preto.
A alma resfolega.


O pastor

Um pássaro num sino,
na alta montanha,
tange as nuvens.




O êxtase do enforcado

A criança ofereceu uma flor
ao enforcado.


O êxtase do poeta

O poema é natural.
A árvore, sobrenatural.


O pomar do dia

O ouro escorre da árvore.
As maritacas trincam o céu das frutas maduras.
A vida é perfeita no pomar do dia.

______

11 comentários:

Lídia Borges disse...

Poetar como quem colhe amoras silvestres...

Gosto de vir aqui "debicar"

Um beijo

Isabel Victor disse...

"A cigarra deixou
no tronco da árvore
a casca e o canto."



Gostei. Belas imagens


Saudações bloguistas


iv

Adriana Godoy disse...

"Um beija-flor mergulha
de repente – tchibum! –
por meus olhos a dentro"


A poesia mergulha
de repente- tchibum
alma a dentro


Maravilhosos! Maravilhosos! Beijos

Marcelo Novaes disse...

Brandão,



A negação do delírio: límpida contemplação.




Abraço.

Victor Gil disse...

Amigo J. C.
E desta vez o nomeado é:

"A cigarra deixou
no tronco da árvore
a casca e o canto."

Mais um excelente lote de poemetos, muito interessantes.
Um abraço
Victor Gil

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu amigo
Lindo poema...adorei muito fresco.

Beijinhos

Fernando Campanella disse...

Boa noite, Brandão, são maravilhosos estes poemetos, apreensão simples,pictórica e ainda com fulgores de um êxtase. Parabéns. Destaco:

O ouro escorre da árvore.
As maritacas trincam o céu das frutas maduras.
A vida é perfeita no pomar do dia.


Lindo isso, ...a vida é perfeita no pomar do dia....

BAR DO BARDO disse...

as cigarras

o cãozinho

ai ai ai

lírica disse...

Quantos haikus, um mais belo que o outro e com fotos!
Como consegue fazer tantos?
Estás mesmo em comunhão com a natureza!
Parabéns mestre, minha reverência!
Lí :)

lírica disse...

"Iluminação

Era uma pedra dourada.
Quando se abriu, voaram diamantes.
Pombas brancas na tarde azul."

:)

Anônimo disse...

Lindíssimos! Um poema mais encantador que outro.

Beijo.