A tesourinha
A tesourinha pousa no fio.
A longa cauda corta o ar.
A andorinha
A andorinha pousa
na placa enferrujada
entre água e o olhar.
Flores
As flores de bucha
subindo no bambual
contra as nuvens brancas.
Namoro
O casal de marrecos
passeia no capinzal.
A imagem
A imagem congelada
das águas fluindo
no córrego.
Nudez
Nascemos nus,
mas com a morte no bolso.
Cur timeam?
Tenho medo
por que estou vivo.
Praga
Uma nuvem branca
do cuspe das lagartas
devora o tronco da árvore.
Premonição
A silhueta dos marrecos
nos galhos da árvore seca.
Folha de mamona
A enorme folha de mamona
respingada de gotas de orvalho.
Periscópios
Oito marrecos navegam
na água do lago.
Vejo apenas as cabeças pretas.
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8 comentários:
Adoro todos Brandão!
bj
Lí
Infinitas emoções em maravilhosos "nanopoemas"
congratulações mil!
As cabeças:
os periscópios.
Gostei dos seus poemetos.
Um abraço
Também gostei de todos. Um primor. Beijo.
no 'bolso' que forjas
está a 'companheira'
um espanto de belo
beijo,
El
Feliz associação entre a imagem da Sonia, e este poema:
Oito marrecos navegam
na água do lago.
Vejo apenas as cabeças pretas.
Gosto muito desta apreensão/impressão da objetivo , em poucas palavras...
Grande abraço, meu amigo.
Diz: e quem precisa aprender haikai?!
Perfeitos!
Brandão,
Tua contemplação da natureza [com periscópio ou a olho nu] é fértil, sobretudo porque te inclui e te devolve a ti mesmo: é porta permanente para o dentro-fora/ fora-dentro.
Abração.
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