sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Ressaca
Som de bronze nenhum, o tédio tange.
No mármore e no sangue a aderência.
Mas nós que somos filhos da carência,
que oculta flor de fogo nos responde?
O besouro do olvido nos confrange.
Por que condutos fluem as ondas, onde?
A alameda febril consome a angústia
com o seu ímpeto. Nós, os insolventes,
quem somos? O ar nos modela a forma vã,
e contemplá-la é flauta. Vagas? Entoamos
o cântico do mito constelado, dementes
e mansamente lúcidos na escura e chã
(bruma, nudez) medida que geramos.
Quem somos nos exaure em ouro e astúcia.
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10 comentários:
Muito bonito, este soneto!
"Nós, os insolventes,
quem somos?
L.B.
Ao som de que bronze me tangem?
Ao mármore caro, uma estrela?
Avaro e gentil me elimino
Na Glória de Deus e no rés.
(Você me inspira, Mestre.)
Muito bonito poema.
Deixo o meu primeiro beijo do ano.
Sonhadora
Oi meu querido,
um novo ano cheio de paz, saúde e amor para vc e toda sua família.
Bjs.
José Carlos,
Obrigada por essas palavras.
Lê-las me enriquece.
É como sempre saio daqui : rica.
E que esse ano novo que chega, chegue com muitos sonhos, e com todas as alegrias que a gente merece !!!
Beijo carinhoso
Na ressaca vários sinos tangem aqui dentro do cérebro...brincadeira!!!
Que este ano seja bom para ti e que continues a te inspirar sempre, nós leitores é que ganhamos com isso!
um abraço, ótimo domingo
Muito bem escrito, este seu soneto!
Um forte abraço.
oraora... tô sem palavras neste momento...
=)
UM
NOVO
ANO
FELIZ
PRA VC, caro JCMBrandão.
1[]!
Brandão
"quem somos? O ar nos modela a forma vã,
e contemplá-la é flauta. Vagas? Entoamos
o cântico do mito constelado, dementes
e mansamente lúcidos na escura e chã
(bruma, nudez) medida que geramos.
Quem somos nos exaure em ouro e astúcia.
"
Isto é poesia do melhor que há, gosto muito do que escreves meu amigo, vc é abençoado!
bj
Lí
Boa noite, Brandão, meu caríssimo amigo. Indagações, a matéria de que somos feitos, o tecido vil, o sonho, a angústia de continuarmos sendo o que somos, a possibilidade de não mais sermos.... indagações filosófico-poéticas, sempre nossas antenas voltadas para o princípio e o fim.
Vc fala em mito constelado, lembrei-me que tenho um poema em que coloco algo parecido, veja se gosta:
O que bate assim
à minha janela?
Que ventos por dentro
me sopram?
É um nada,
é uma noite em símbolos
constelada.
Visto-me das carapuças
que me servem
ou lacro os ouvidos
e enlouqueço.
(Fernando Campanella)
Grande abraço, meu amigo.
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