sábado, 30 de janeiro de 2010

O fim do mundo




O fim do mundo

O coração queimava na trincheira,
era um pedaço de carvão pulsando,
em agonia, entre a fumaça e o sangue.
Os meus olhos vazados na fuligem.

Os ratos nos buracos da parede
ansiavam, gemiam de prazer.
Um verme sufocava nos meus lábios,
as palavras quebradas entre os dentes.

Eu carregava um peixe sobre os ombros.
Um poema se faz com o mistério
da âncora entre os despojos do naufrágio.

O trator do fim do mundo segue arando,
as lâminas levantam da terra esqueletos
de anjos e de oráculos destronados.

5 comentários:

Anônimo disse...

Tão triste está este mundo!
Bjs.

Edson Bueno de Camargo disse...

Baixou o Murilo Mendes poeta amigo. Mui pertinente, perfeito.

nydia bonetti disse...

Apocalíptico. Realmente, lembra Murilo Mendes. Muito bom!

Beijo.

Adriana Godoy disse...

Um poema com ares apocalípticos. Um dos poucos que não se referem a deus explicitamente. "O trator do fim do mundo segue arando" magnífico e triste. Belo poema.Beijo.

BAR DO BARDO disse...

... chã do sublime...