terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Construção

















Escolho as pedras do poema frágil.
Quero compô-lo com perícia tal:
Sua noite ordenada, na palavra
À palavra ajustada, com rigor.
Edifício de música e mistério,
A fábula criada se contempla
Voltada para dentro de si mesma.
Conceito circunspecto no declive
Da paixão, em sigilo resguardada.
Muralhas rubras guardam a garganta,
Correntes se erguem contra as cordas pobres.
Minha voz se contrai em seus limites.
Eu componho a forma, alta, concentrada.

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5 comentários:

Victor Gil disse...

Amiga José Carlos.
Excelente construção para um poema que se inicia como frágil.
Um Bom Ano Novo de 2010
Um abraço
Victor Gil

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Lindissimo poema...adorei.

Votos de um 2010, cheio de felicidade, paz e amor.

Beijos

Fernando Campanella disse...

... a fábula criada se contempla, voltada para dentro de si mesma...

toda criação traz nos seus alicerces a solidão, as forças primitivas, o instinto, a pulsão... se alguma beleza transparece no objeto criado ( e isso se vê em seus poemas) é porque uma nova gênesis foi consumada. Sim, pequenos deuses são os artistas que se movem em um universo tão imenso, e ainda inacabado.

A foto em preto e branco da postagem é maravilhosa.

Grande abraço, meu caríssimo amigo, e um 2010 repleto de criatividade a você e à Sonia, e filhos também.

Graça disse...

Só o primeiro verso já é um poema inteiro!! Lindo, José.


Desejo-te um Feliz Ano, com muita poesia também.

Beijo meu.

nydia bonetti disse...

Que bela arquitetura, Brandão!

Que em 2010 possamos construir muito!!!

Abraços!