quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O sol me queima as penas




O sol me queima as penas
e o corpo frágil.
Sonho sem asas
e canto a minha morte.

A minha ausência na espuma,
na sombra apunhalada.
A paisagem leve das aves
e o sangue no altar da distância.

As árvores na tarde fria,
erguem os seus ramos vazios
lembrando-nos o nosso nada:
despidos para o azul de Deus.

Por acaso olhei para fora,
por acaso nos encontramos
à luz pura do dia largo
com uma pergunta nos lábios.

Neste exílio em que vivo,
nesta ilha de palavras,
encontro a minha face
no espelho redivivo.

16 comentários:

Anônimo disse...

Lindo!
Ótimo final de semana para vc amigo!
Bjs.

Victor Gil disse...

Amigo J. C.
Mais um excelente texto. Este foge um bocado àquilo que costumas escrever, mas é pura poesia.
Um abraço
victor Gil

Cris Animal disse...

Se não é para emocionar e encantar para que existe a poesia?
Existe para deixar cravado a sangue e amor aquele sentimento que se fez ali, naquele instante, que bailou em uma alma como convite a "nascer" !!!

José Querido, li isso com o coração emocionado, mas em festa:
"lembrando-nos o nosso nada:
despidos para o azul de Deus."

Que bom ainda ter a certeza absoluta de que há almas que vivem, que glorificam todo este universo e se reconhecem como aprendizes.
Isso é tão latente em tudo que vc escreve...

Um beijo grande e um final de semana cheio do amor de José e Sônia !

Ariadne disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ariadne disse...

No caminho do meu nada, encontro você...
Sem palavras,...talvez.
Com os pés descalsos, amassando a argila, buscando contornos.
O silêncio é companheiro constante.
As mãos se unim em poesia
Colocando em movimento nossa fragilidade e imperfeição...
"A maturidade está em fazer o horizonte voar."

Sua ternura textual é muito agradável.
Tenha um excelente fim de semana!
Abraços!

Sueli Maia (Mai) disse...

Natureza entoando poesia e vida.
Abraços.

Adriana Godoy disse...

Belíssima cena, pura emoção, a liberdade entrecortada por uma tarde fria e um canto de pássaro. JC, seus poemas encantam. Beijo.

lírica disse...

Brandão

Quanta delicadeza!
Adorei o poema, a foto e o Ibisco do painel!
Tá tudo muito lindo aqui.
bj
Lírica

Marcelo Novaes disse...

Brandão,


Náufragos que somos
[ou exilados], palavras
são ilhas.

E a Verdadeira Face
sob camadas de névoa
e som.






Abraços,







Marcelo.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

gostei deste poema e li-o ao contrário tambem, ou seja de baixo para cima.

leia e veja como tambem fica bonito.

um bom fim de semana!

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Belo poema.
A minha ausência na espuma.
na sombra apunhalada.
Lindo
Beijinhos
Sonhadora

Elma Carneiro disse...

José Carlos
Vejo que está de casa nova e bonita, e sua poesia mais bonita ainda.
Esse passarinho vermelho seria o Tiê-sangue? que lindo. Se não for se parece muito e já soube que quando fica preso na gaiola ele desbota.
Saudades de você e Sonia.
Boa noite poeta.
Beijos

Elma Carneiro disse...

Bom dia José Carlos.
Obrigada pelo comentário, é claro que você pode retirar a foto que quiser do nosso amigo ouriço. Infelizmente não pude colher os nomes dos autores das fotos, porque na maioria não continha a autoria.
Depois quero ver o poema, e o conto seu deve ser ótimo.
Sobre esse pássaro vermelho por certo é o Tiê-Sangue. Veja AQUI
Beijooo

nydia bonetti disse...

Gosto muito desta imagem do exílio, Barndão. Também vivo nele.

Simplesmente, fascinante.

Beijo.

Ianê Mello disse...

Esse sentimento de exílio me acomete quando em vez, na verdade, com bastante frequência até.

Lindo poema!

Um beijo.

Fernando Campanella disse...

Que dor é esta, de nenhum órgão, não localizada, sem diagnósticos, sem receitas, ou possíveis cirurgias...? É da existência, da sombra apunhalada.
Feliz a idéia da face reencontrada.
Grande abraço. A foto to Tiê-sangue e linda tb.