domingo, 15 de novembro de 2009
Dois dedos de prosa
ESSÊNCIA
A rosa essencial, entre o tempo e a eternidade. O resto é silêncio.
A RELVA
Cresce a relva sobre a sua boca, cresce a relva.
AMO O MISTÉRIO
Amo o mistério porque não sou eu, não são os outros, nem as coisas, mas tudo que está além de mim, de minhas limitações humanas.
A NOSSA VINCULAÇÃO
A nossa vinculação com a terra, de onde viemos, as nossas raízes. Ficar deitado na terra, recebendo a força, toda a energia da terra.
ERA A ÁRVORE
Era a árvore frondosa, ou a trepadeira que se estende sempre mais além.
Era a água, seu poder transformador, o rio da vida.
Era o barquinho fazendo água, o remador pobre, levando o barco e sendo levado por ele, pelas águas.
O QUE SINTO
O que sinto, se o escrevo, são palavras.
Todos os sentimentos do mundo, ou se perdem, ou, se são registrados, para não se perderem, são palavras, que se perdem, porque não são nada.
AS MANGAS
As mangas contra o céu azul. O vermelho das mangas, o verde das folhas, e o azul do céu. Sentimento de saciedade e de infinito. A beleza das frutas e o infinito além do azul me saciam. Não preciso pensar em Deus como não preciso pensar nas mangas.
A MULHER E O GIRASSOL
Qual mais belo? São belezas diferentes, por que temos que nos metermos em comparações? A beleza da mulher está mais do que nos olhos, no instante em que foi apreendida. Na apreensão desse instante. Mas a beleza do girassol também está na apreensão do instante. Não serão uma só beleza? Como olhá-los ao mesmo tempo? Impossível, mas necessário olhá-los ao mesmo tempo. Na linha limítrofe desse olhar, está a beleza.
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11 comentários:
São muito bons estes pensamentos, gosto deste modo de falar das coisas...
abraço, lindo domingo
"O que sinto, se o escrevo, são palavras.
Todos os sentimentos do mundo, ou se perdem, ou, se são registrados, para não se perderem, são palavras, que se perdem, porque não são nada."
É a palavra partilhada de sentimentos que se cruzam na vida e no coração.
Bom dia!
Abraços textuais!
Adoto vossa poética:
O QUE SINTO
O que sinto, se o escrevo, são palavras.
Todos os sentimentos do mundo, ou se perdem, ou, se são registrados, para não se perderem, são palavras, que se perdem, porque não são nada.
Belíssimos textos, Brandão, ' Na linha limítrofe desse olhar, está a beleza.'
Também gosto destes insights, desta maneira de falar, de dizer, a poesia que sai quando não pensamos em Deus, ou nas mangas, quando amamos o mistério porque ele foi, é, será força motriz da beleza, do que está além da compreensão.
Belíssimos textos. Grande abraço, meu amigo.
Brandão
Chego a ficar sem fôlego com tanta beleza e sabedoria.
Tua poesia é bela:
"AMO O MISTÉRIO
Amo o mistério porque não sou eu, não são os outros, nem as coisas, mas tudo que está além de mim, de minhas limitações humanas."
Adorei!!!!!!!!!!!!
bj
Gi
Brandão
Sempre me pergunto para onde vão as palavras que foram ditas, mas não foram escritas. Sinto que elas não se perdem. As canções de ninar, as palavras de amor, as historias repetidas dos nossos velhos, os poemas tantos, andam por aí, no céu das palavras...
beijos.
Aqui em Minas é muito comum usar essa expressão "dois dedos de prosa" até bem pouco tempo minha filha não compreendia pq tinha que ser dois dedos e não quatro ou mais.
Tudo muito lindo querido.
Bjs.
JC, que riqueza, beleza, harmonia. Belíssimos poemas que possibilitam um voo alto, muito alto. beijo.
Adorei, José, imenso!
A tua escrita encanta... e amei o mistério.
Beijo de carinho.
Brandão,
Uma contemplação serena, incorporada e com um "halo de transcendência".
O tom é todo seu. Mas vejo um parentesco de alma com Murilo Mendes, por vezes.Não no "como dizer". Mas na forma de olhar.
Abração,
Marcelo.
bonito- nao preciso pensar em Deus como nao precio pensar nas mangas- um amigo meu sempre diz que pra renovar a vida, um pouco de contemplaçao.
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