terça-feira, 24 de novembro de 2009

Nightmare




Desaba sobre mim, ó infinito.

Terror êxul: espelho e labirinto,
as árdegas estrelas e a esfinge.

A potranca da noite me devora,
quem me sonha adormece em minha cova.


______________


Mais um pouco do meu processo criativo.
Este poema tem uns 35 anos. Eu tinha lido em Borges umas duas vezes que “nightmare”, pesadelo, era a égua da noite. A imagem é fantástica, o nome em inglês é pura metáfora. Por que Borges não fizera um poema sobre ele, apenas citara o fato da imagem nos radicais? Na terceira vez que li a citação, fiz o poema. O nome em si vale um poema. Mas aqui fica o que, com ele, desabou em mim.

12 comentários:

Anônimo disse...

Lindo amigo!
Bjs.

Cris Animal disse...

Querido José, suas leituras desabam imagens em palavras, palavras em imagens de uma fantástica maneira de sentir cada ação ou reação deste mundo que vivemos.

Pesadelo?

Só sonhos...rs

Beijo da amiga e leitora de sempre!

Talita Prates disse...

Muito bom, poeta.
Superou o mote.

Um bjo.

Adriana Godoy disse...

Adorei a imagem, a referência, sua leitura e a transformação nesse belo e intenso poema. beijo.

Pedro Luso de Carvalho disse...

Caro Brandão,

Borges, que dizia estar sempre apendendo a escrever versos, era uma pessoa magnânima e preocupava-se com o futuro da poesia. Talvez aí esteja a resposta à sua pergunta (" Por que Borges não fizera um poema sobre ele?"); Borges deixou a semente para que outros poetas fizessem a semeadura e a colheita; e o talento e a sensibilidade do poeta Brandão fez-se presente para cumprir esse desiderato.

Quem entende esses mistérios?!

Um forte abraço,

Pedro.

Anônimo disse...

Que lindo,eu sonhei contigo,juro,agora não sei se sinto arrepio ,e se é de medo ou de alegria.
Boa semana!

Efigênia Coutinho ( Mallemont ) disse...

Você é um mundo dentro de outro mundo poético, adorei...

Eu não esqueci um só de todos os meus amigos aqui, e hoje retorno, depois de muito trabalho com o nosso Site, com os 1000 Sonetos, agora poderei estar ao lado de todos , matando as saudades, que se fazem presente ao presente momento,
tem,
NATAL
para todos os amigos , lá no meu cantinho,
com carinho, Efigênia

Sonia Schmorantz disse...

Gostei muito!
abraço

Elma Carneiro disse...

Bom dia Brandão.
É bom abrir o blog de manhã e ver que ali tem palavras de um poeta.
Seus versos contém uma linguagem muito bem elaborada que se assemelha a linguagem das pinturas abstratas.
Bom que tenha gostado das flores do cerrado, pois espero que volte sempre.
Beijooo

vieira calado disse...

Meu caro:

Também ando há 35 anos a escrever poemas baseados em citações.

Creio ser um óptimo exercício.

Gostei do seu ensaio.

Um abraço.

nydia bonetti disse...

Muito bom conhecer sobre teu processo criativo, JC. Creio que nunca fiz isto - criar sobre citações. Achei "fantástico" este poema.

beijo!

Marcelo Novaes disse...

Brandão,


Esmagador o peso [infinito?!]
das patas azuis-noturnas,
sobre o plexo de quem
sonha.



Borges levantou a bola pra vc cortar na rede. Os poetas, muitas vezes, não desenvolvem narrativamente esses insights verbo-imagéticos. Contentam-se com a contemplação. Parecem suficientes em sua ultra-condensação: pura síntese. Você "desembrulhou o pacote".






Abração,







Marcelo.