sábado, 28 de novembro de 2009

Ritual




7

A água beija a pedra,
a pedra beija a água.
O desejo verde
nos lábios da alma.


6

A minha perspectiva é a vida
traçada com rigor de arte e sangue.
Manejo cores e formas plásticas
no espaço: meu projeto didático.


2

Alimento o meu coração
com o leite das rosas rubras.
São tochas brilhando na noite,
são asas ligeiras e me levam.


5

Estou no fundo do poço,
sem nenhuma saída.
Mas as estrelas brilham
na água doce.


1

Ó meu Deus, quanto tempo vamos
aguentar a nossa crucifixão?
O cálice está esgotado,
já bebemos toda a dor do mundo.


4

Um corvo morto sobre a mesa.
As luzes apagadas.
Uma sombra esvoaça.
Um melro canta a palavra do ritual.


3

Este é um lugar quase sagrado.
Descubram a cabeça em reverência,
fechem as bocas, escutem em silêncio
a voz dos mortos debaixo da terra.

13 comentários:

Sonia Schmorantz disse...

Amei a imagem de capa, linda! O poema é para refletir...
um abraço, lindo final de semana

Anônimo disse...

Que lindo que ficou seu blog!
Gostei muito do poema, falou direto na alma.
Bjs.

Gisele Freire disse...

Brandão
Gostei desta série, muito mesmo!
Quanto ao Layout, tá perfeito, mais clean, bem harmonioso ;)
bj
Gi

Gisele Freire disse...

Brandão
Voltei aqui pra ler de novo, e gostei mais ainda :)!
...pra falar tb da foto da cachoeira que tá linda, e pra pedir se poderei "roubar" alguns versos daqui pra deixar lá no Vastas :)
Abraço my friend!
Gi

Lídia Borges disse...

As alterações resultaram bem!

A poesia sempre especial, minuciosa e muito cuidada.

L.B.

José Carlos Brandão disse...

Gi,

muito obrigado pela nova visita.
É muito bom saber que as nossas coisas agradam.
Pode postá-las lá no seu blog, será uma honra.

Ah, v. gostou da cachoeira? Essa foto é minha mesmo. A foto do cabeçalho é da Sônia.
Um bom abraço,
Brandão.

Unknown disse...

tenho que voltar aqui com outro espírito, José Carlos... estou demasiado escura.

mas vim dizer obrigada pela presença fiel.

e um abraço

Graça disse...

Primeiro, adorei as duas fotos. E o novo visual.

Da tua poesia há sempre tanto a dizer, mas, quando quero escrever, as palavras fogem...

Adorei, José, como é hábito.

Destaco esta quadra:

"Alimento o meu coração
com o leite das rosas rubras.
São tochas brilhando na noite,
são asas ligeiras e me levam."____ uma beleza!

Beijo de carinho, querido amigo

Fernando Campanella disse...

Belas quadras, Brandão, belas fotos também. Em especial:

7

A água beija a pedra,
a pedra beija a água.
O desejo verde
nos lábios da alma.

Linda demais. Grande abraço em vc e na Sonia.

Cris Animal disse...

Acho que entre tantos este poema é um dos mais fortes que já li de sua autoria.
Pela força da água, pela força desse silênciao que a água faz em nós, pela força dessa queda absolutamente imponente...por cada palavra sua que foi mostrando toda essa vida majestosa, mistreiosa . Acho que define bem: ritual!

Ritual da natureza em olhos de poeta!

beijo com carinho

Cristina Fernandes disse...

Deslumbrantes palavras, entre a água e as pedras e todo o movimento que existe entre ambas... mesmo no fundo do poço as estrelas brilham...
Obrigado pela partilha
Chris

nydia bonetti disse...

A minha alma de pedra - sabão - agradece a leitura. :) Coisa mais bonita... Bjs.

Talita Prates disse...

1

É que "a condição humana é a paixão de Cristo". (Clarice)

Bjo.