sábado, 12 de setembro de 2009
Sinfonia
Ela veio com os lábios abertos, o coração
com muita sede: os morangos eram vermelhos
de urgência, o sangue derramado do pássaro na mão.
Nós nos amamos sem a palha das palavras:
queimavam os corpos largados, a polpa explodia
dentro do espelho. Nós éramos amantes na praia
da meia-noite: o motor de popa, as hélices, a lâmina
do amor girava, cortava em fatias o desejo.
Ela se foi com os girassóis da madrugada,
pisando a terra vermelha das plantações,
a memória de quando éramos outros e ninguém.
Ela se foi para as águas e as colinas do cristal alado.
Na minha língua vai florindo a flor da loucura.
Com o mel do mito componho a sinfonia do absoluto.
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9 comentários:
Amigo J.C.
Isso é sinfonia mas uma sinfonia completa. Ou seja, um soneto completo.
Um abraço
Victor Gil
Como disse seu amigo Victor: eis a sinfonia do amor e o Maestro a rege com toda a poesia e ternura que lhe cabem.
benditas notas que se harmonizam e fazem ecoar todo esse amor!
beijos
Brandão
Isto é amor, que maravilha!
Lírica
Ótimo soneto, Zé Carlos.
Compor a sinfonia do absoluto é uma imagem poderosíssima.
Grande abraço
Um belo soneto!
Tenha um ótimo domingo
abraço
"Ela se foi com os girassóis da madrugada,
pisando a terra vermelha das plantações,
a memória de quando éramos outros e ninguém." Esse trecho me emocionou de uma forma especial!
JC, que belíssimo soneto, um grito de amor absoluto. Parabéns. Beijo.
PS: O Bardo que se cuide(rs).
Achei lindo isto, JC. Imagens riquíssimas.
Que as palavras são mesmo palhas...
Beijo
Que sinfonia senhor...!
esmaques!
Marisete Zanon
Maravilha de poema, Brandão. "Nós nos amamos sem a palha das palavras"... muito bom, metáforas inusitadas para descrever a dicotomia presença/ausência do amor em nós. Grande abraço.
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