A árvore tinha a forma de uma cruz
Dois galhos abriam-se como dois braços.
Era uma estranha forma de beleza
Algo de perigo, mistério ou sagrado.
Um líquen avermelhado coagulara-se pelo tronco
Onde deveriam estar os pés e mãos do crucificado.
Umas poucas folhas verdes, muito delicadas
Procurei e descobri escondida uma flor, já seca.
Sem pensar estendi os braços na cruz
A lua tingiu-se de um vermelho opaco
Um vento frio feriu-me as faces
E inesperadamente caí em mim:
A nostalgia é um sentimento universal
O homem busca suas origens; às vezes encontra-as, na cruz.
(A Árvore e a Cruz era uma crônica publicada no jornal A Tribuna, de Santos, em 1978. Mas foi concebida, a exemplo de Jorge Luis Borges, como poema. Daí, foi fácil hoje dar-lhe forma de poema. 8-12-08)
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