Caim
Carrego o
sangue do meu irmão para toda a eternidade.
Eu sou o meu
irmão morto com uma pedra na cabeça.
Aprendo o que é
morrer, o que é acabar.
A morte é o
silêncio de uma pedra.
Os lábios de
Abel não dirão mais nenhuma palavra.
É isto a morte:
este silêncio, este sangue sobre a terra.
Que farei com
Abel?
Que é que se
faz com um morto?
Que farei
comigo? Eu, que inventei a morte?
Nos olhos do
meu irmão vejo o universo refletido.
No corpo morto
eu conheço o meu tamanho de homem.
O sangue do meu
irmão não clama por vingança:
É um espelho.
É a essência do
que sou.
É a marca do
homem, seu direito e avesso.
O sangue do meu
irmão morto me alimenta.
2 comentários:
Uau! Poemaço! Uma força, uma dor... Excelente, José!
Beijo.
EStremeceu o centro da terra, nessa guerra de partir temores, de distribuir amores (es)corridos nas veias.
Beijo na alma,
Sam.
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