POEMA-ORELHA
O amor é o amor
é o amor.
É a forma que,
concreta,
se condensa no
que, ser,
só é ser quando
se funde
na rosa da sua
vulva.
É o corpo que se
entrega
a outro corpo,
que, completo,
se lhe oferece,
a ele, corpo.
O corpo ao corpo
se doa
e de tal modo
perfeito
que a essência
da doação
é o próprio
corpo primo
que noutro corpo
se coa.
Eu disse: o amor
é o amor,
o mais são
palavras gastas.
Mais não se pode
dizer
do amor, senão
que é o corpo.
Maior beleza não
há,
nenhuma maior
delícia
que o corpo
quando entra em êxtase,
que o corpo
quando se encontra
com outro corpo,
no coito.
Repito: o êxtase
do corpo
define o amor,
inefável.
Nada existe além
do coito,
nada existe além
do corpo.
Amar é êxtase:
corpo
dentro do corpo,
além-corpo.
Existir é tão
doído
que só a brasa
do amor,
só o amor,
brasão, suporta.
Eu quero tocar
os guizos
da alegria: eu
sou feliz,
eu conheço o
amor, o corpo
suando estrelas,
a mó
moendo, doce, o
universo.
Aprendo as
lições do abismo,
lições que só o
amor ensina.
O amor é o amor
é o amor.
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Poema-orelha feito para o meu livro Poemas de Amor, 1999. Na época, achei que não condizia com o livro e não o publiquei.
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