IDENTIDADE
Como Kafka, fui um inseto monstruoso.
Fui uma toupeira protegida e sufocada sob a terra.
Fui um abutre e devorava a minha vítima parte por parte
até chegar à mais sensível e essencial, a língua.
Fui um rato que não conseguia mais cantar.
Fui um macaco que perdeu a identidade,
da qual conserva apenas o ódio ao amestramento.
Fui um cachorro existencialista.
Fui um chacal que amava o deserto.
Como Empédocles, fui um jovem e uma jovem,
um arbusto e uma ave
e um peixe mudo no mar.
2-1-12 – José Carlos Brandão
2 comentários:
Eu não sei o que fui, talvez apenas um espectro de mim. Mas ainda procuro minha identidade humildemente, assim como o Kafka e como você. Abraços, Brandão!
"Fui o silêncio de algo sem vida que paira no ar de pássaros que amamos sem vêr..." Belo. obrigado por aparecer. até a próxima.
Postar um comentário