quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A ÁGUA CAI






























                             
                                   A ÁGUA CAI

Ouves a água que cai? Como um piano
a água cai.
Como um tigre, como uma águia, como um homem
a água cai.

É um ruído familiar, em sua estranheza, a música
da água que cai.
Das montanhas, dos desfiladeiros, de cavernas misteriosas
a água cai.

Vem de muito longe, de uma distância infinita, do eterno
a água que cai.

Não corre separada do sangue, a água
que lava o mundo. A água
que afoga o mundo. O espírito
líquido
que ilumina o mundo com a sua escuridão definitiva.

Eu venho das águas caindo, eu venho do espírito
que purifica
a minha lama, com a sua
lava. Eu vou para as águas, origem e fim do meu périplo.

                              J. C. Brandão




3 comentários:

dade amorim disse...

Beleza daquelas que só a intimidade com a poesia pode construir.
Beijo pra você.

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

"Busquei" Raquel...encontro-a em bronze, abraçada por você, pela menininha...Aí, gostei daqui, li mais e mais, vindo cá, pro começo...lendo a água, em poesia...
Não tem jeito, já me "instalei", vou voltar <<<

Um abraço, Brandão
da Lúcia

Bazófias e Discrepâncias de um certo diverso disse...

Água como origem de tudo, inclusive como anúncio da escuridão... estou me identificando com as últimas poesias, brandão! abs