quinta-feira, 28 de julho de 2011

Travessia




























A travessia

Dá vau o rio,
deste lado? Mais acima?
Eu quero o horizonte, onde a terra
acaba.
Eu quero o fim do arco-íris, na água calma
do crepúsculo.

Dá vau o rio do tempo,
dá vau o rio do eterno
correndo e parado, onde a terra se encontra com o céu?
As árvores bebem
as nuvens – são água
e os pássaros com sono
entre as folhas
e os ramos – são frutos e piam e cantam.

E eu a me afogar no rio do esquecimento
com os peixes mortos
e o latido dos cães
pendurados nos ponteiros
do relógio.
Ergo os braços da água e respiro o ar de Deus.

As casas se acendem,
as estrelas,
os aviões
e os meus olhos como dois tições
e a minha alma queima à beira da terra, à beira do céu.
A minha alma se consome e se completa na água vermelha.


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3 comentários:

Unknown disse...

Primeiro, fiquei um tempo olhando a imagem, porque tenho pensado muito em um mundo de ponta-cabeça. Árvores plantadas com a raiz para cima e outras coisas estranhas.

Lendo o poema e o questionamento sobre a passagem do rio, deslizei até o final, onde o poeta respira o ar de Deus e tudo reluz da forma mais brilhante que já li.

SENSACIONAL!

Parabéns, poeta!

Beijos

Mirze

Luiza Maciel Nogueira disse...

Tudo o que você escreve nasce de uma contemplação profunda e gosto tanto disso, obrigada querido. Beijos

BAR DO BARDO disse...

primas águas
ao fim de ciclo

novo se inicia