A SERPENTE
A serpente rasteja sobre a areia e as pedras
do deserto.
Atenta, escuta o mundo com o corpo sibilino.
Amadureço,
hipnotizado pelo olhar da serpente.
Sob o sol e o vento,
permaneço.
Cego
pela areia, o sangue envolve-me
e é noite em mim.
A estrela
na fronte da serpente queima como fogo.
A noite se revela em sua arquitetura
abissal.
Curva,
turva,
paralela ao ímpeto da serpente, no ar.
A constelação
da existência
encolhe-se na língua bífida da serpente.
4 comentários:
Que beleza de poema! Vc não faz poesia porque vai morrer, faz para que muitos possam continuar vivendo, eis a verdade. Obrigada pela leitura...
Abraços,
O poeta e seus símbolos. A serpente parece ter tantos significados em nossa constelação mítica. Um dos meus primeiros poemas, dos idos de 84, fala dessa serpente notívaga, veja:
JARDIM INTERDITO
Eros me trespassa no discursos dos sonhos
onde pétalas de gozo se soltam
e a serpente notívaga rasteja -
inadiável fera ilesa...
Abraços, Brandão.
JC, um poema sibilante..a imagem construída é perfeita. Parabéns, mestre. Bj
Maravilha de imagens, linda arquitetura a deste poema.
Abraço grande.
Postar um comentário