quarta-feira, 15 de junho de 2011

O RIO FLUI ENTRE AS MONTANHAS



O RIO FLUI ENTRE AS MONTANHAS

O rio flui entre as montanhas
imóveis,
com seus rochedos cinzentos de joelhos
como velhos
mortos
de fadiga.

O silêncio flui com a água sobre a nudez da terra
que flui
com a carne
da morte, como se da mesma fonte
entre os pássaros
e os bois
no pasto.

Tanta noite e somos manhã
e somos estranhos fluindo com a água da dor,
cantando
a música do inverno,
essa brancura
de gelo
e inanição.

A morte lava o meu suor, as minhas feridas, a minha
angústia
e sou polido
pelas pedras, por
este chão familiar e estranho – e reconheço
outro ser
em mim, nesta desolação.

A limpidez das coisas e o sentimento de exílio,
enquanto a beleza flui
com o rio
e suas águas claras
e seu espelho
de ausência imóvel no dia longínquo,
rio
fluindo,
como a vida,
da ponta dos dedos.



4 comentários:

Domingos Barroso disse...

Abraço-te fortemente,
grande poeta e amigo

esse poema li em voz
quase completa deixando
um nó na garganta
...

Adriana Godoy disse...

E a gente vai fluindo com esse rio que arrebata. Lindo! Beijo

Denise Portes disse...

Senti todos os movimentos do rio.
um abraço
Denise

Unknown disse...

Alguém sabe onde é esse lugar lindo!!?
Abraços,
Tatiana