sexta-feira, 10 de junho de 2011

À Sombra do Cassino

                                                                                           Lambari, MG




À SOMBRA DO CASSINO


A cidade refletida na água, as árvores, o céu azul e
o cassino, que chamávamos de Castelo, com
sua imponência,
sua antiguidade, sua nobreza, sua glória de um dia,
de quando foi inaugurado
e fechado como quem põe um selo
numa carta.

O Castelo/Cassino único no mundo, feito para receber
o sol:
em uma hora especial
o sol se concentra na sala central
e como que por milagre o mundo
nele se concentra.

As garças vão e vêm sobre o Castelo, triste de
se olhar, em sua estranha beleza.
O socó contempla a água,
contempla a água,
infindavelmente contempla a água
e confunde-se à folhagem
e tem um ar triste de quem tudo perdeu e não tem mais
nada para esperar.

À frente a ilha verde, as montanhas rudes, pesadas
e amigas.
O tempo não passa,
como um cachorro, o tempo não passa.
O cachorro olha o tempo, olha o burro puxando a carroça
na ponte
ao lado da cachoeira
sob o farol
inútil, o farol sem mar, sem navios para iluminar.

E uma árvore seca
com seus galhos erguidos ao céu
em riste
eleva sua súplica triste.





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