O Poema
O poema cresce das palavras
desde as raízes,
ou as sementes, jorra
sangue
e água,
inunda o mundo,
as rosas
e as covas
dos jardins do homem derrotado.
Tem tanto sangue um poema
quanto
um animal
ferido,
agonizante, é feroz
quanto
mais voltado
para si mesmo.
O sol explode nos laranjais,
nos girassóis,
nas estradas
esburacadas.
O poema é um corpo no ato do amor,
é todo interior,
em silêncio
e expectativa, o bote
armado
para o êxtase.
O poema domina o mundo com a sua ausência
e permanência
absoluta.
O poema é eterno,
as casas soçobram iluminadas pelas chamas
do poema.
As sombras enlaçam a mesa familiar,
dialogam
com as coisas
de uma a outra lâmpada.
As coisas ordenam-se com a força circular,
com a amplitude máxima,
com a harmonia do cosmo
no bojo do poema.
O mistério persiste
porque é a condição do seu ser perplexo
a ostra
e sua pérola mínima,
negra,
com toda sua carga de dor e maravilha.
3 comentários:
Caro Brandão, venho seguindo com muita alegria o seu blog na internet. Sempre há algo a me surpreender... não precisa de elogios, mas parabéns! abs
"com toda sua carga de dor e maravilha", o poema é animal, vegetal e mineral, o poema é o mundo, o amor, o êxtase. E o poeta disso tudo é você.
Belíssimo seu poema, José Carlos.
Um beijo.
Nossa!
Isso é um poema!
Extasiante!
Beijos
Mirze
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