Soneto menorSou linguagem como um pássaro,
sou som e cor como uma árvore.
Amo o corpo da mulher,
os olhos e o seio e a vulva
e todo o ouro do crepúsculo
que traz na margem da alma.
Decifro o enigma do mundo
com uma chave de fogo
e uma serpente na mão.
Com o vinho do silêncio
modulo a eterna canção.
É uma pedra e uma flor,
é uma estrela e tem sangue,
no coração da paisagem.
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Veja As botas do Gregório Vaz
aqui.___________
12 comentários:
É assim como uma dança de imagens e palavras muito íntima.
Um beijo
Audaz...
as linhas e tb o ser!
Nao conseguiria, particularmente..
nem as linhas, nem tampouco o ser!
Poeta
Mais um lindo poema, adorei como sempre.
Beijinhos
Sonhadora
Maravilhoso mesmo!
Os pássaros que vão voando alimentam o poeta, a poesia!
Maravilha!!
Beijos
é uma canção,
um cântico...
por si tão belamente
uma canção, um cântico
...
José Carlos Brandão,
poeta e amigo
forte abraço.
Brandão,
Quando vamos descendo a escada ascendente dos versos, e pensamos que já tocamos a linguagem dos pássaros ou o ventre da terra, você surpreende com a trindade final:
"É uma pedra e uma flor,
é uma estrela e tem sangue,
no coração da paisagem."
Das formas mais belas que já li de terminar um soneto.
Minha reverência, poeta.
"...e todo o ouro do crepúsculo
que traz na margem da alma..."
Sabe, Brandão, às vezes penso que a metáfora é um meio de vislumbrarmos a Deus. Muito belo poema, com destaque para os versos acima.
Muito obrigado pelo maravilhoso poema de Ferreira Gullar enviado por e mail.
Grande abraço, meu amigo.
José Carlos!
Este soneto é maior que o menor dos sonetos.
"Com o vinho na mão, modulo a eterna canção!
Tá difícil saber de quem gosto mais.
Acabei de lavar minha alma com Gregório, e aqui terei que usar sais.
Belíssimo!
Beijos, poeta!
Mirze
O ouro do crepúsculo na margem da alma é demais, JC. Você se supera.
Beijo.
Deixo-te um presente e uma incumbência, abraços,
http://umalagartadefogo.blogspot.com/2010/09/premio-blog-de-ouro.html
como uma pedra em flor
a fingir de pássaro
Belo
Brandão,
Na Natureza e quase indistinguível dela. Integração.
Belo soneto!
Abraços.
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