quinta-feira, 23 de setembro de 2010
A poesia é memória
As limas
O pé de lima no fundo do quintal
está seco. É uma súbita lembrança.
Os espinhos secos e negros,
como um esqueleto. Mas as limas
viçosas. Entra ano, sai ano, as limas
viçosas. O pé de lima é um esqueleto
negro e seco, mas as limas viçosas
refulgem, solenes, na lembrança.
O poste
O poste abre os braços para tantos fios e cabos
que não acabam mais.
Abre os braços para receber o dia:
reflete a luz do sol como uma bênção.
Os pássaros pousam em seus punhos de metal
e cantam batendo as asas.
Quando a noite se estende no firmamento,
a lua e as estrelas beijam as suas mãos abertas.
Um homem sobe no poste e abre os braços
entre os fios e o céu, crucificado.
______________
O meu amigo Zé de Anchieta publica um poema meu de 2007 aqui...
_____________
Assinar:
Postar comentários (Atom)
9 comentários:
Muito bom seu poema, as limas estão suculentas, em minha mémoria os sítios que visitei amei,bjs.
Sofrível poesia essa do "crucificado"
homenagem a Jesus? se não, não deixa de ser lindo!
beijos
Sim, a poesia é memória pulsante, inflamada.
E esse "As limas" é belo, num tom de recitativo solene; e me trouxe algumas lembranças de árvores secas na infância...
Abraço.
Ainda bem que não existe competição.
Você está no colo da Mommy.
Abraço!
VIVA A PRIMAVERA!
Saio mais uma vez encantada!
Bjs.
O pé de lima sombrio
mas as limas viçosas
enquanto o poste
amigável e solícito
abre os braços:
dádivas e reverência
ao encanto da sua vasta alma
(e esta, já encantada,
move os seus dedos)
...
Forte abraço,
meu amigo.
...
Vim ler-te, meu amigo, porque gosto da tua poesia. Muito.
Um beijo de bom fim de semana.
[José, encerrei o meu blogue. Talvez regresse um dia. Obrigada por todas as palavras que por lá deixaste. Aqui, vou voltando, sempre...]
k bom é ser poeta :)
Concordo plenamente... o que se escreve está dentro da gente e expressarmos através do que está fora, de tudo que vimos, ouvimos... Gostei e me identifiquei muito com o tema... Abçs
Postar um comentário