sexta-feira, 4 de junho de 2010
Relíquias
RELÍQUIAS
Vidrinhos de remédio, bolinhas de gude.
Um canivete enferrujado, minúsculo.
Duas pedras que foram instrumentos de índios.
Quatro dentes de aço, pontudos, polidos.
Duas páginas manuscritas em iídiche.
Uma armação de óculos de tartaruga.
Uma certidão de nascimento rasurada, ilegível.
Três estribos de prata e duas lupas.
Um bule azul com flores brancas e vermelhas.
Um punhal de cortar fumo com a lâmina gasta.
Um prego exilado da sua parede.
Um dedo seco com uma aliança de ferro.
Uma cruz com o Cristo preso pelos pés.
Um soldadinho de chumbo sem pernas.
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8 comentários:
tenho também minhas caixas de relíquias- algumas na gaveta outras no coração.
De vez em quando temos que fazer inventário de guardados, a sua simples enumeração já dá poesia.
A enumeração de guardados imaginários, é pura poesia.
Relíquias cortantes, altamente tetânicas.
Beijos.
Relíquia de lembrança.
Lindo Brandão, lindo mesmo!
Mestre Brandão: que beleza de poema sobre as reliquias que carregamos na memória, no coração. Gostaria de ter escrito. Bjos de luz.
Rélíquias, memória da delicadeza, da inocência e da dor, da dor pungente. Tudo se mistura quando lembramos.
Grande abraço, Brandão.
Relíquias boas estas.
Esse dedo seco é de gente?
As reliquias, os amuletos fazem parte da tradição humana.
Mas eu nunca tinha visto tantas!
Parabéns, amigo!
Beijos
Mirze
Q beleza, cada relíquia, seguramente muitas lembranças.
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