quarta-feira, 16 de junho de 2010

Coisas da poesia




Coisas da poesia

O bule de café fumega no fogão.
O queijo frige na palha de milho.
A polenta na frigideira.
Na panela de ferro a banana são-tomé.

A velhinha sorri para mim.
O picumã pende do telhado.
O fogo crepita com a lenha verde.
Eu olho as estrelas entre as labaredas.

Um sapo de castigo num canto da parede.
Um caranguejo toma sol no quintal.
Havia um cheiro de mato
E um cheiro de pão no forno.

A minha língua era torta.
Coisas da poesia.

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15 comentários:

Marcelo Novaes disse...

Brandão,



Sim. Coisas da poesia.








Abraços.

Anônimo disse...

Que máximo! Adorei o sapo de castigo, rs.

Beijos.

Sândrio cândido. disse...

uma linguagem do interior, com estas imagens fico a imaginar os meus saudosos anos com a minha vó na pequena casa em minas gerais, pena que o tempo seja apenas isto uma imagem a retornar em poesia.

saudações.

Gerana Damulakis disse...

Amei. Ao acabar a leitura, uma satisfação chega junto: delícia de poema.

nydia bonetti disse...

caminhei tanto e caminho ainda por estes teus cenários, brandão. só mesmo a poesia... abraço.

Luiza Maciel Nogueira disse...

Lingua torta, dança bem! :)

bjs.

chica disse...

Muito lindas essas coisas de poesia...abração,chica

Lou Vilela disse...

Coisas de Brandão... - e que coisas!

Abraços

danilo disse...

brandão,
obrigado pela visi9ta e pelos comentários generosos. sim, tudo isso é matéria de poesia, sonho dentro de sonho, coisas que a gente sonha ou que sonham com a gente... seu poema telírico me remete à meninice-nas minasminhas antiga-
abraços
danilo.

Domingos Barroso disse...

Comungar-se com o invisível:
a Poesia redentora
também salva o poeta.


Forte abraço,
José Carlos Brandão.

Unknown disse...

Numa paisagem bucólica que mexe com a gente, só mesmo um poeta de grande magnitude, para colocar palavras certas e formar a poesia que nos remete à infância, ou à um estado de saudade.

Muito lindo!

Amei!

Beijos

Mirze

Maria Maria disse...

Sinto-me salva agora!

Lindo poema!!!!

Obrigada pela visita, de ilustre poeta!

Beijos de cá,

Maria Maria

Fernando Campanella disse...

'...a minha língua era torta...' balbuciava as maravilhas de um sonho, seguia os meandros dos rios, lambia cada réstia de luz... ah, sim , calava-se ao quebranto da noite... coisas da poesia... de línguas tortas, dos anjos tortos que nos inspiram, vamos ser 'gauches' na vida. Grande abraço, Brandão.

luís filipe pereira disse...

Meus parabéns pelo modo como deparamos com uma exímia poetização do prosaico, quando as coisas, os cheiros, os sons, os lugares se transformam, de facto, em "coisas de poesia"
grato pela partilha.
luís filipe pereira

Sylvia Araujo disse...

Teu poema cheira aqui. Tem coisa melhor que fogão de lenha, café fresquinho e pão?

Delícia, José Carlos!

Beijoca