segunda-feira, 14 de junho de 2010

O monte em chamas




O monte em chamas

O sol incendiava as árvores.
As casas se balançavam nas chamas.
Os cavalos queimavam na estrada.
Os meus olhos estavam acesos no barranco.

O mato era uma fogueira fumegando.
As vacas flutuavam com as labaredas.
Eu pisava o carreiro das formigas loucas.
O vento levava o fogo das coivaras.

O touro escarvava o chão das figueiras.
Os cachorros vermelhos ganiam.
O grito do sabiá engravidava o dia.

Eu bebia o leite e o sangue da terra
Abraçado à árvore alta do horizonte
No dia grande sobre o monte em chamas.

________

7 comentários:

Luiza Maciel Nogueira disse...

Tanta vida que "engravidam" a poesia de metáforas, alma em transformação, natureza em transmutação.
Bjs.

Anônimo disse...

O fim da tarde leva ao céu uma chama vazia, logo se dissipa.

Beijo.

Adriana Godoy disse...

"O grito do sabiá engravidava o dia." A beleza de sua poesia deixa prenhe a alma. beijo.

Ana Lucia Franco disse...

Beber o leite e o sangue da terra, num tempo de labaredas. A terra é mãe. E tua poesia, trágica e linda..

bjs

dade amorim disse...

Muita beleza para comungar. Você põe um toque mágico em seus textos.

Fiquei toda prosa com o que você disse sobre meu poema, JC.
Valeu mesmo!

Marcelo Novaes disse...

Brandão,




Incandescente.




Abração.

Gerana Damulakis disse...

O verso: "O grito do sabiá engravidava o dia".Bravo!