terça-feira, 22 de junho de 2010
Os ossos do dia
Os ossos do dia
A maritaca eletrocutada
Pende do fio de alta-tensão.
Dois cachorros disputam um osso,
Rosnam, mordem, sangram.
Os urubus caminham pela estrada,
Confundem-se ao asfalto negro, líquido.
Os bem-te-vis atacam o gavião,
A pomba cai ferida, destroçada.
As vacas ruminam a morte
No pasto dos carrapatos.
A coruja guarda a imagem da dor
Na névoa dourada dos olhos.
A borboleta pousa sobre a sombra
Da lagartixa amarela na parede.
Um carreiro de formigas carrega,
Aos pedaços, os ossos do dia.
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9 comentários:
Tadinha da maritraca eletrocutada. Algo meio sombrio nas paisagens, hoje. Mas, poesia é isso, luz e sombra. E fios de alta tensão.
bjs.
acabo de fazer de adiquirir o teu silêncio e espero muito poder comtemplar teus poemas.
Brandão,
A contraface necessária à luminosidade.
Abração.
Até no mundo animal, a morte é uma passageira meio estranha. Deixa seu rastro. Mas não deixa de ser bela. Imagem incrível, Jc, aliás as imagens poéticas também. Gostei muito. Beijo.
Uma história de vida e morte
crua simples
na sua complexidade
de boa escrita
A amiga morte, anda de permeio entre nós.
Adoro os abutres e eles estão em extinção.
Belo poema, como Marcelo falou, é necessário sempre esse contraste.
Muito bom!
Beijos
Mirze
Ah, se essa maritacada não parecesse tão mais bela na sua ginástica artística de alta-tensão. Demais essa imagem!
Abraços.
Ia postar sobre a agonia da morte... mas deixa pra lá! O texto fala por si.
Gostei do que está no alto do comentário:
'Poesia não requer interpretação, mas comunhão'.
É verdade: é como se olhássemos um quadro e quiséssemos especular de onde saiu sua beleza...Coisas da alma é difícil de explicar.
Beijos
Tais luso
É a realidade nua e crua.
Não li sobre você, mas imagino que a natureza faça parte de sua vida de forma inequívoca, Talvez ligada à sua profissõa. É isso?
Bem, gostei demais de ver aqui tyais versos retratando a naturea que tanto amo e respeito.
Sigo sua trilha.
Bjs
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