quinta-feira, 10 de junho de 2010

O lírio da madrugada




O lírio da madrugada

No escuro da madrugadinha
As vacas soltam fumaça pelas ventas.
Cai o sereno sobre os bezerros
Chorando ao longe.

A lua ainda está no céu
Pesado de bruma.
Vem uma brisa do lado do rio,
Traz o cheiro dos salgueiros.

As águas correm no ribeiro abaixo
Do quintal das jabuticabeiras floridas.
A cabra chacoalha o cincerro.
Os porcos grunhem, fuçam a lama.

O dia nasce devagar. Um lírio
Floresce num monte de estrume.

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8 comentários:

nydia bonetti disse...

os lírios brncos imploram pelas águas - o rio nem sabe...

ah, como é bom te ler. :) abraço.

Anônimo disse...

Queria habitar em suas poesias, os cenários criados são incríveis!
E adoro as fotos da sua esposa, tbm sigo o blog dela.

Beijos.

Luiza Maciel Nogueira disse...

Lindo!

bjs.

Gerana Damulakis disse...

Vi a madrugada. Vi o dia amanhecer. Cena ímpar.

Wilson Torres Nanini disse...

Um bucolismo pós-surreal sempre é um caminho de alento. Adoro poemas cujo cerne de aço e ouro é circulado por um punhado de imagens singelas, quase ingênuas, que, na verdade, formam um cilada deliciosa.

Abraços!

Adriana Godoy disse...

Ai, que vontade de sentir isso tudo de perto...mais um momento lindo esse, JC. Beijo.

Marcelo Novaes disse...

Brandão,



Todos os sentidos em jogo.





Abração.

Eliana Mora [El] disse...

dos lírios....


como a flor selvagem
nas areias do deserto