Coisas da poesiaO bule de café fumega no fogão.
O queijo frige na palha de milho.
A polenta na frigideira.
Na panela de ferro a banana são-tomé.
A velhinha sorri para mim.
O picumã pende do telhado.
O fogo crepita com a lenha verde.
Eu olho as estrelas entre as labaredas.
Um sapo de castigo num canto da parede.
Um caranguejo toma sol no quintal.
Havia um cheiro de mato
E um cheiro de pão no forno.
A minha língua era torta.
Coisas da poesia.
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15 comentários:
Brandão,
Sim. Coisas da poesia.
Abraços.
Que máximo! Adorei o sapo de castigo, rs.
Beijos.
uma linguagem do interior, com estas imagens fico a imaginar os meus saudosos anos com a minha vó na pequena casa em minas gerais, pena que o tempo seja apenas isto uma imagem a retornar em poesia.
saudações.
Amei. Ao acabar a leitura, uma satisfação chega junto: delícia de poema.
caminhei tanto e caminho ainda por estes teus cenários, brandão. só mesmo a poesia... abraço.
Lingua torta, dança bem! :)
bjs.
Muito lindas essas coisas de poesia...abração,chica
Coisas de Brandão... - e que coisas!
Abraços
brandão,
obrigado pela visi9ta e pelos comentários generosos. sim, tudo isso é matéria de poesia, sonho dentro de sonho, coisas que a gente sonha ou que sonham com a gente... seu poema telírico me remete à meninice-nas minasminhas antiga-
abraços
danilo.
Comungar-se com o invisível:
a Poesia redentora
também salva o poeta.
Forte abraço,
José Carlos Brandão.
Numa paisagem bucólica que mexe com a gente, só mesmo um poeta de grande magnitude, para colocar palavras certas e formar a poesia que nos remete à infância, ou à um estado de saudade.
Muito lindo!
Amei!
Beijos
Mirze
Sinto-me salva agora!
Lindo poema!!!!
Obrigada pela visita, de ilustre poeta!
Beijos de cá,
Maria Maria
'...a minha língua era torta...' balbuciava as maravilhas de um sonho, seguia os meandros dos rios, lambia cada réstia de luz... ah, sim , calava-se ao quebranto da noite... coisas da poesia... de línguas tortas, dos anjos tortos que nos inspiram, vamos ser 'gauches' na vida. Grande abraço, Brandão.
Meus parabéns pelo modo como deparamos com uma exímia poetização do prosaico, quando as coisas, os cheiros, os sons, os lugares se transformam, de facto, em "coisas de poesia"
grato pela partilha.
luís filipe pereira
Teu poema cheira aqui. Tem coisa melhor que fogão de lenha, café fresquinho e pão?
Delícia, José Carlos!
Beijoca
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