segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
O novo Orfeu
O novo Orfeu
Desço ao inferno como Orfeu.
Sou dilacerado pelas palavras do mundo, minha musa.
Eurídice me espera numa curva da estrada.
Eurídice está livre.
Sou eu que dou a forma da liberdade a Eurídice.
Carrego a chave na mão e a chave é uma cruz.
O madeiro da cruz pesa tanto, eu sangro,
Mas caminho altaneiro, sem titubear, entre as pedras
E as serpentes, que me tentam com a maçã preciosa.
Sou pregado na cruz, de cabeça para baixo.
É minha a chave do mistério.
Eurídice é bela, fecunda e se multiplica entre os filhos dos homens.
Como Orfeu, no fundo do inferno,
Eu componho a música da liberdade.
(4-12-07)
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9 comentários:
Brandão,
A chave do mistério está bem apresentada.
E a música do [novo] Orfeu não é a música do mundo.
Abração.
Belo texto... seguindo...
gostei muito da metáfora da maçã. um grande beijinho.
As palavras do mundo dilaceram, fazem descer ao inferno. Mas também nos refazem, fazem subir ao céu. E a música, cada um a compõe, com plena liberdade. Ou não... Às vezes acho que a partitura está escrita desde sempre e nós apenas a executamos.
beijo, Brandão.
Um quê de Murilo e de Jorge infectam o texto com boa poesia - o que não o desidentifica, Brandão - só enobrece a todos.
JC, um tom cristão e profano compõem sua poesia. Muito belo poema, os versos fazem pensar. beijo.
Meu amigo
Lindo poema, muito profundo e belo.
Beijinhos
Sonhadora
Rico, um rico poema.
Caro amigo e poeta, José
Venho aqui dizer o quanto lamento a minha ausência por absoluta falta de tempo para visitar os meus blogues preferidos. Arranjei agora um furinho e vim matar saudades.
Obrigada.
Um beijo
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