sábado, 6 de fevereiro de 2010
Estalidos
Quero-quero
Marcha o quero-quero
no capim à beira d’água.
Guarda o seu reino.
Corruíra
Salta a corruíra
da grade de arame
para as margaridas.
A orelha-de-pau
A orelha-de-pau
envolve o tronco da árvore.
Quer escutá-la.
A luta pela vida
O gatinho
devora o passarinho.
A equilibrista
A baitaca se equilibra
no beiral da igreja
com arte e astúcia.
Extinção
Um tronco queimado
no meio do jardim.
O inventor
De tanto medo
eu criei a morte.
Alerta
Com comida no bico
o sanhaço espreita o ninho.
Depressão
O macaco-aranha
agarra com as cinco mãos
as grades da jaula.
O mico branco
O mico branco
com seu olhar triste
ergue as mãos em oração.
O lhama
O lhama sério,
cara de poucos amigos,
urina na grama.
A coruja
A coruja me encara
com os olhos vermelhos.
Eu volto a cara.
Os barcos
Os barcos de pesca
no Saco da Ribeira
flutuam na luz.
A coruja buraqueira
Numa perna só
a coruja buraqueira
me desafia.
A tromba
A parte mais sensível do elefante é a tromba.
A minha também.
_________
Foto: Sônia Brandão
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15 comentários:
Parabéns!
Como quem debica cerejas...
Sabem bem e são bonitas!
L.B.
Lindos, estes pequenos poemas!
Um abraço meu.
José Carlos, que saudade...
Passei dezembro e janeiro em Ribeirão Preto. Como está Bauru ???
Senti falta desse seu espaço e dos seus versos.
Grannnnde abraço!
"É a possibilidade que me faz continuar e não a certeza. Uma espécie de aposta da minha parte. E embora me possam chamar sonhador, louco ou qualquer outra coisa, acredito que com Deus tudo é possível..."
Um lindo domingo e ótima semana!
abraços
Gostei muitíssimo de "A luta pela vida","Extinção" e "O inventor": grandes achados.
Comentário para o prsente seu, em versos, que chegou ao Leitora:
Muito bem feito, José Carlos, um tom de quem fala para o outro, um tom especial para verso como: "Fiquemos parados, ouvindo a brisa entre os ramos". Adorei!
Nossa! Como gostei! Um deleite.
Lianna.
Mas só se a vida fluir sem se opor
Mas só se o tempo seguir sem se impor
Mas só se for seja lá como for
O importante é que a nossa emoção sobreviva
E a felicidade amordace essa dor secular
Pois tudo no fundo é tão singular
É resistir ao inexorável
O coração fica insuperável
E pode em vida imortalizar
Paulo Cesar Pinheiro
Adorei esse texto! Tem muito com a minha fotografia.
Abraço e seja sempre feliz!
Ai, que delícia começar a semana com estes estalidos. :) Lindos Brandão. bjo.
Brandão,
Hai kais: instantâneos reveladores. O homem é revelado, em seu olhar a bichos e barcos.
Abração,
Marcelo.
a minha parte mais sensível é o cérebro :) gostei muito desta sátira.
Obrigado JOSÉ CARLOS pela visita.
Parabéns pelo seu género de Poesia.
Abç
G.J.
Gosto muito destes tb :)
bj
Lí
Humor e profunda percepão de existência nestes poemetos, Brandão, realmente um achado. Grande abraço.A foto da coruja é linda também.
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