quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Poema de aniversário
Continuo a olhar no horizonte a terra que toca o céu,
a linha mínima compondo
no encontro de verde e azul
uma pele exata,
bela e eterna, conquanto frágil.
Cavalos se erguem no ar
brotando de uma fonte rubra,
a fogueira do sol
na paina das nuvens a jorrar:
luz deste exílio breve
como areia
a se perder na distância.
As folhas caem com as árvores
sobre a terra sem uso.
Os frutos e os pássaros da infância
ficaram sepultos
no escuro do tempo,
com vagas inscrições na parede.
O que fica de quem fui,
o ser antigo diluído em nova forma,
os cães do menino latindo
no calcanhar do velho,
que exibe as cãs formosas na beira da estrada.
No solo fica a cinza,
um muro por cima coberto de hera.
Uma flor nasce numa reentrância,
entre duas pedras,
embora seja noite e tudo,
a montanha e as águas,
se cale.
Deus pasce do alto.
A ovelha bale fora do aprisco
e volta.
O mundo é grande
e calmo cristal
onde brilha a face de Deus.
28 de janeiro de 2007.
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10 comentários:
"a fogueira do sol
na paina das nuvens a jorrar"
Que dizer?
Natalício & pirotecnia...
"o que fica de quem fui?" [...]
comovente, teu poema
beijos a ti,
muitos
El
Olá Brandão
Uma beleza teu poema!
Por acaso hoje é teu niver?
Se for, te desejo muitas felicidades, muitas mesmo! :)
bjs
Gi
...a montanha e as águas, se cale...
gostei deste teu poema, no ritmo das palavras.
Abraço
Chris
JC, tão belo seu poema, tão ternas suas palvras. Às vezes invejo sua fé. Muito lindo mesmo. beijo.
Minha vida seria tão mais tranqüila se também acreditasse em Deus.
Ou não, penso por vezes que nossa angústia é divina, fazer poesia, é buscar o divino dentro de nós.
Como me disse um bom amigo certa vez, "Edson, já penso que sua ausência de fé, pode ser um propósito de Deus". Vai que ele está certo.
Enquanto isso vamos vencendo o tempo aos pouquinhos, ou ele nos tomando aos golinhos.
Olá, José Carlos.
Vim te agradecer a presença no Inscrições, me deixou bem contente.
Bonito seu poema - a fé, tesouro que nem todo mundo acha, é um fator decisivo de serenidade.
Abraço pra você.
Maravilha, este poema, Brandão, tem a clarividência de um mago, tem revérberos de cristal, parece uma écloga no tema, uma pastoral, tudo coroado pela estrela de Deus. E que maravilha de foto, senti Minas inteira nela. Obrigado pelo poema que vc deixou no comentário sobre a Efemérides, gostei muito. Grande abraço, em vc e na Sonia, meu caríssimo amigo.
Lindo este poema de aniversário!
um abraço, tudo de bom para ti
E como brilha esta face, José Carlos. Felizes os que podem vê-la. Maravilhoso poema!
beijo.
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