terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A noite do emparedado



As estrelas ecoam no fundo do lago.
Um anjo dorme num pequeno barco.
O gavião grita de seu nicho no rochedo.
É tarde. A árvore estremece.
A raposa geme acuada à beira do banhado.
O perigo espreita, orvalhado.
A morte é suave, é uma criança rósea.

O menino agoniza sob a palha
com a bênção brilhando na fronte.
O sino dobra na montanha.
As casas de pedra recolhem as águas da aurora.
É a noite do emparedado.
Conheço os caminhos da névoa.
Estou pisando as cinzas do silêncio.

Uma chaga floresce no meu peito.

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9 comentários:

nydia bonetti disse...

A vida acontecendo - E em nós, as chagas florescendo...

beijo!

Adriana Godoy disse...

Lindeza de poema. Poesia pura e de qualidade. JC, é bom estar de volta e poder ler seus poemas. Beijo.

Fernando Campanella disse...

Estes caminhos que os poetas percorrem são mágicos, feitos de um rico silêncio que ecoa, ecoa... silêncio que busca as palavras para se traduzir. Belo poema, bela foto. Linda postagem.

Lídia Borges disse...

Vaguear num cenário mágico de sons e tons entardecidos e distantes.


Saudações cordiais

L.B.

Sonia Schmorantz disse...

Belíssima...nem saberia comentá-la!
um abraço

Arma_Zen disse...

Lindo poema!
Um abraço por ele:)

Talita Prates disse...

Que bonito!
Muito!

BAR DO BARDO disse...

Muita poesia... Um exagero!

Tais Luso de Carvalho disse...

'Conheço os caminhos da névoa.
Estou pisando as cinzas do silêncio.

Uma chaga floresce no meu peito.'

Poema forte e belo.
Gostei muito.

bjs
tais luso