quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A Federico García Lorca




Dos telhados da tarde flui a chuva.
Os talos de penumbra nas veredas,
a paisagem se queda cinza e sonho.
Sobre os ramos de pássaros tristonhos,

uma chaga se grava na folhagem.
Suspiram múrmuros tremores acres.
As espigas desabam com estrondo
de granizos de estrelas que soluçam.

Eleva-se da terra névoa aflita,
ânsia de flores turvas pelas águas.
Do húmus se liquefaz um negro sumo,

cravos na face e luto nos cabelos.
Olhares delirantes suam trevas.
E minha voz desliza, além da imagem.

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8 comentários:

Lídia Borges disse...

Perpassa do poema uma melodia triste a levar-nos pelos meandros dos versos no caminho da Saudade...

De Federico García Lorca que perdura na memória de tantos quantos amam a poesia.

L.B.

Primeira Pessoa disse...

Lorca foi um dos grandes responsáveis pelo meu gosto pelas palavras.
Há duas noites, estava eu manuseando o controle remoto da TV e vi um filme lindo, em que andy garcia entra na pele do poeta espanhol.
e agora, esse poema aqui...
minha memória se ilumina... dá aquela saudade gostosa do início desse meu namoro com o verbo.

"e a minha voz desliza além da imagem"...

abração do
roberto.

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Meu amigo
Lindissimo poema...cheio de nostalgis.
Gostei muito

beijinhos

Sonhadora

Graça disse...

Que bela homenagem... a um poeta que eu tanto gosto.

O teu soneto é lindo!


Beijo, querido José

Anônimo disse...

Ficou lindo!
Bjs.

Fernando Campanella disse...

Lindo soneto mesmo, Brandão, traz aquela poesia que é um desabafo romântico, mas ainda é clássica, recriação de um mundo dentro de nossas impressões. E o poema apresenta um 'gran finale'. Grande abraço.

BAR DO BARDO disse...

... um cravo na língua...

Sonia Schmorantz disse...

Amei este poema e sua imagem, identifica-se muito comigo.
abraço