sexta-feira, 28 de agosto de 2009
a iluminação no jardim da tarde - poeminhos com sol, suor, sede e sangue
BRISA
A brisa leve
faz cair as pétalas
das flores de cereja.
SEDE
As uvas estão maduras.
Como é grande a sede
do menino ao sol.
VÔO
A árvore enfuna as velas,
no espaço, com as estrelas.
CINZA
As nuvens cinzentas.
O crepúsculo me espera
sob as árvores secas.
DISTÂNCIA
O horizonte ao longe.
É pesado este caminho
que ninguém percorre.
MARTELO
Na forja da tarde
o martelo da araponga.
Uma laranja cai.
SANGUE
Pitanga vermelha
como uma gota de sangue.
Tenho o sol nos olhos.
PÔR-DO-SOL
A lagarta numa pétala
da rosa no galho.
ALTURA
O sol ilumina
a estrada na montanha.
Caminho com orgulho.
FIGO
A menina na cerca.
O sanhaço azul
bica o figo maduro.
ACIDENTE NATURAL
A lagarta caiu da árvore.
Me manchou de verde
o peito vermelho.
CÁLICES
Cálices de flores
gritam no alto dos ipês.
Pássaros pingam mel.
DESCOBERTA DA DOR
A goiaba vermelha.
Queima o braço do menino
uma lagarta de fogo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
12 comentários:
SANGUE
Pitanga vermelha
como uma gota de sangue.
Tenho o sol nos olhos.
Eu quero esse poema pra mim!
Entrei em samadhi assim que bati os olhos...
Ai, Deus!...
Olá grande amigo.
SEDE
As uvas estão maduras.
Como é grande a sede
do menino ao sol.
Já que estamos em maré de "roubar" poemas, eu roubo este para mim.
Um grande abraço J.C.
Victor Gil
é quase noite.
brilham sóis nos meus olhos:
são poeminhos.
beijos
Amo seus "poeminhas"!
E o ipê?
Maravilhoso!
Temos muitos ipês aqui na cidade, de várias cores, todos muito lindos.
Bjs e ótimo final de semana.
O universo dentro do mínimo, meu caro amigo. Isso que sinto em nesses poemínimos.
Concordei com vc quanto ao poema da alquimia. Refiz a tradução de mim próprio, veja se gosta. Abraços.
Previdente
a alquimia das folhas
- ácido verde
precioso sépia
solvente ouro -
minhas estações
desdobram-se
silentemente.
(Fernando Campanella)
Grande abraço.
Caro POETA,
reinventar palavras
para lavrar Sentidos...
não é missão pequena
vale a Vida
e a pena.
"As uvas estão maduras.
Como é grande a sede
do menino ao sol."
JC, seus poemetos(hai-kais) estão cada vez melhores. Esse é perfeito:
"A goiaba vermelha.
Queima o braço do menino
uma lagarta de fogo."
Belas imagens, puros sentimentos. Parabéns. beijo
Mais uma boa série
de poemas breves
(que não são curtos).
Um abraço.
Sabem a mel, estes poemas e como sempre, do que é bom, fica o sabor a pouco.
Lídia Borges
Adorei a "Distância"! Já tinha saudades de te ler.
Beijo meu
Caro Brandão,
Para dizer ao poeta, que andei por aqui, para ler os seus poemas na sua mais recente postagem.
Um abraço,
Pedro.
eu fico comendo as uvas
enquanto releio sem fim estes poemas que adoro.
Postar um comentário