segunda-feira, 3 de agosto de 2009
O céu no espelho
Olho o céu no espelho, azul, terrível.
Era a face de Deus multiplicada
e alheia à minha humanidade frágil.
Quem sou eu? Quem verei, talvez, no espelho?
No cristal vejo Deus, que não me vê,
alheio no alto azul, distante e frio.
Por que vejo, no espelho, Deus estranho?
Serei eu, gralha gritalhona, o estranho?
Quebro o espelho. Não quero a minha imagem
compartilhar com Deus. Quero os meus cacos
no chão ensanguentado, com as flores
inúteis, como a minha poesia.
Se Deus não me responde, quebro Deus.
O céu em chamas queima-me num sopro.
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6 comentários:
Poema forte.Polêmico.Provocador. Gostei da face de Deus multiplicada, mas não quebrada.O poema é inteligentíssimo, não inútil.Um abraço
Que bela tragédia...
No fundo, sr. sujeito lírico, pense em NAMASTÊ: "Deus em mim saúda Deus em ti!"
Mas, confesso, servir de churrasquinho para o Inominável deve ser o máximo! Mal passado (isso deve levar hífen?)...
Excelente texto, Mestre Brandão!
Sei bem deste sentimento, JC. Mas creio realmente que Ele nos ouve e nos responde, e que um dia finalmente entenderemos todo este mistério chamado v i d a. beijo.
Minha vó me ensinou quando eu era pequenininha que Deus fica em silêncio quando está trabalhando por nós.
Bjs.
José Carlos, a negação de deus e a punição dos céus...que poema trágico, como diz o Bardo, mas deliciosamente belo e com um tom irônico ou cômico que muito me agrada. Beijo.
Linda poesia. Parabéns pela inspiração!
Fazer versos é difícil, mas não para quem tem os sentimentos presentes.
Beijos e boa quinta pra você.
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