segunda-feira, 10 de agosto de 2009
algum haiku
A libélula beija a água
com os dois olhos abertos.
Descanso na clareira.
O esquilo de cauda no ar
voa na floresta.
À beira da estrada
o homem parado
é paisagem.
O sol pesa no céu.
Uma estrela de fogo
na cabeça da serpente.
A gaivota beija o mar
inventa um peixe no bico
brilho de sal e sol.
Uma estrela cai no banhado
as rãs coaxam
os juncos tremem no escuro.
Os meninos e as abelhas
sonham o mel
das pitangueiras vermelhas.
O grito do quero-quero
desperta o banhado.
O capim cintila em festa.
A lua sobre a mesa
e as estrelas no chão
da casa na floresta.
O monte de lenha.
Um grilo no escuro
tece redes de estrelas.
Flores de água brilham
na superfície do lago.
Tudo é calmo e limpo.
Olhar uma árvore
é multiplicar o olhar.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
12 comentários:
E foi por tudo isto que a poesia foi inventada...
Um estrondo!
Abraços,
Maestria em poesia dá nisso:
versos de aquarela.
Figuras de linguagem ricas, metáforas empregadas ue nos levam a querer sair logo e pegar a pena e escrever mais e mais, inspirador!
Poeta inspirador eu diria..
abraços
eu nem escolho mais...
un(anim)idade
anim(a)
olhar um poema
é multiplicar o desejo.
abraços.
Oi J. C.
Faz muito tempo que passo por aqui. Deve ser do calor que por aqui faz. Ficamos preguiçosos e a precisar de férias.
Desta vez a escolha para a minha preferida é:
À beira da estrada
o homem parado
é paisagem.
Um abraço
Victor Gil
Um poema
no Balaio.
De sua autoria.
Abraços.
JC, mais uma viagem delirante ao que há de mais sublime no mundo: a natureza, o homem e os bichos, o sol e as estrelas, as flores, o capim e as crianças. Isso dá gosto e dá um certo sentido pra vida. Bom demais. Beijo.
"O grito do quero-quero
desperta o banhado.
O capim cintila em festa"
Muito belos haikus, meu caro amigo. Pura apreensão do instante. Envio-te um poemínimo com o espírito, mais que a técnica, do haiku.
Um aroma na varanda
uma flor que dança:
uma abelha na lavanda.
(Fernando Campanella)
Abraços.
ler teus haicais multiplica o olhar e aquece o coração. mesmo em dias de sóis pesados... bjo.
Ninguém tem culpa
Daquilo que não fomos
Não ouve erros
Nem cálculos falhados
Sobre a estipe de papel;
Apenas não somos os calculistas
Porem os calculados
Não somos os desenhistas
Mas os desenhados
E muito menos escrevemos versos
E sim somos escritos
Ninguém é culpado de nada
Neste estranhar constante
Ao longe uma chuva fina
Molha aquilo que não fomos...
Autor: Desconhecido
Um lindo final de semana com todo carinho para você.
Abraços
Sentindo falta de tuas novas postagens aqui, meu caríssimo amigo. Fiquei feliz por teres retornado, por me incentivares, me visitares. Poetas precisam de poetas, constatei hoje. Só assim o o ciclo de um certo olhar se completa. Descobri a Sonia no Flickr, vou me utilizar de uma foto dela lá em meu blogger para uma postagem que , acredito, vai ficar belíssima.
Muito grato e feliz com tua amizade, poeta. Grande abraço.
Acaricio a eternidade
como um cavalo que vou montar:
Todo elogio aqui é inescrevível
mas sua poesia é uma delícia. Vou seguir.
ND
http://sinceridadebrutal.blogspot.com
Postar um comentário