domingo, 28 de agosto de 2016

XADREZ






XADREZ


As ruas da cidade são um labirinto.
Eu sou como uma peça de xadrez. Quem joga?
Não posso partir, espero a próxima jogada.
A cidade gira, o mundo gira, as galáxias giram.
Os meus livros estão parados na estante.

Faz barulho de chuva lá fora. Mas não chove.
O ar está esfumaçado, venta, cheira mal.
Homens e mulheres correm apressados,
como se perder o ônibus fosse perder a vida.
Já são mais de seis horas, os escritórios estão fechados.

Não é possível entender a humanidade.
Eu preciso partir, mas para onde? Por quê?
Espero a próxima jogada na partida de xadrez.
Eu sou uma peça – perplexa – no tabuleiro.
Talvez a próxima jogada finalmente seja a minha.






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