quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O MENINO DA GUERRA






O MENINO DA GUERRA

O menino foi salvo dos escombros da casa.
Tem sangue no olho esquerdo, tem terra no direito,
tem sangue e terra na boca. Mas não chora.
Olha a cor do mundo sem compreender.
Tenta desenhar no chão com a mão esquerda, nem sabe o quê.
Abre a boca, mas não fala nada. Tornaram-se inúteis todas as palavras.

Um avião jogou uma bomba sobre a sua casa,
como se ele fosse o inimigo. Impossível compreender.
A sua casa é um monte de destroços.
Onde estão o seu pai, a sua mãe, os seus irmãos?
Ele nem tem força para perguntar. São questões muito transcendentes. 

Ergue a mão esquerda, olha-a, não sabe o que fazer com ela.
Viu um homem morto pela primeira vez na vida,
era um espetáculo muito feio. Ficou sem ação.
O que é o mundo, meu Deus? A sua casa destruída,
um homem morto ao lado. Não sabia o que dizer, o que pensar. 

O que mais vai acontecer? O que será a morte?
Ele vai morrer? Queria ser invisível, queria deixar de existir,
por um breve momento que fosse.
Sonha com um mundo feliz.
Mas será permitido sonhar com um mundo feliz?




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