Banksy
O SÉCULO XXI
Espera-se que
este século seja melhor que os outros.
É jovem ainda,
mal ensaia os primeiros passos,
tem a vida
toda pela frente, tem tudo para ter homens melhores
e coisas
melhores, menos mortíferas.
Verdade que
carrega nas costas erros demais,
o resíduo das
catástrofes de todos os séculos passados.
Nasce velho
já, carcomido de furúnculos mortais
e o seu sangue
está podre nas artérias.
O coração é
velho, já não serve para mais nada.
Os pulmões
estão secos.
Não tem mais
forças ou não sei que condição
para buscar a
felicidade ou outro alívio mínimo.
Os homens
vivem o tempo da pressa, sem válvula de escape.
Olham-se nos
olhos uns dos outros e não se reconhecem.
Aliás, nem se
olham mais nos olhos.
O terror tomou
conta das ruas das cidades.
Vive-se em
estado de sítio, dorme-se com o inimigo,
a morte
espreita a cada canto.
O mundo pode
explodir,
o chão a seus
pés, a sua casa, o seu carro
podem explodir
a qualquer momento do dia ou da noite.
Este século
herdou desgraças demais,
a guerra, a
fome, as doenças acabam com o ser humano.
O homem é
inapelavelmente uma raça em extinção.
O mundo era um
projeto maravilhoso.
Ficou no papel
ou na cabeça dos sonhadores,
talvez na
mente de Deus, que deve estar arrependido da sua criação.
O homem provou
que é imbecil, quer se destruir.
A razão é um
instrumento fora de uso, a alegria enferrujou,
a esperança
não é mais uma planta verde, murchou,
apodreceu no
caule ainda mal formado.
O mundo não
tem solução,
o homem não
sabe mais como viver.
Não há
respostas, já nem se sabe ao menos que perguntas fazer.
Sem esperança,
espera-se que este século seja melhor do que os outros.
Agonizando,
espera-se sobreviver.
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